Sobre Os Miseráveis
Carta de Victor Hugo a Alphonse de Lamartine 24/07/1862.
“Sim, uma sociedade que admite a miséria, sim uma religião que admite o Inferno, sim uma humanidade que admite a guerra, parecem-me uma sociedade, uma religião e uma humanidade inferiores, e é para a sociedade excelsa, para a humanidade excelsa, para a religião excelsa que eu tendo: Sociedade sem rei, humanidades sem fronteiras, religião sem livro. Sim, combato o padre que vende a mentira e o juiz que pratica a injustiça. Universalizar a propriedade, o que é contrário de aboli-la, suprimindo o parasitismo, significa chegar a este fim: Todo o homem proprietário e nenhum homem dono, aí está, para mim, a verdadeira economia social e politica.
O fim está distante. Será isso motivo para não marchar para ele?
Abrevio e resumo.
Sim, tanto quanto é permitido ao Homem querer, quero destruir a fatalidade humana, condeno a escravidão, repúdio a miséria, instruo a ignorância, trato da doença, clareio a noite, odeio o ódio. Eis o que sou e eis por que fiz Os Miseráveis. Em meu pensamento, os Miseráveis não são outra coisa senão um livro que tem a fraternidade como base e o progresso como cume. “