Linhas de um covarde

Quando vou dormir sinto que a poesia me invade,então levanto e desato a escrever,perco sono e sossego. Mas é somente nessas horas escuras e solitárias que me sinto eu mesmo. Nada me traz paz a não ser o silêncio dos cemitérios,o olhar distante e complacente dos querubins marmoréos. Caminhar só e caminhar eternamente se canso me estendo numa lápide e olho a lua. Você pode achar o que quiser,a verdade é que estou morto,morto e sepultado neste terno de carne,sangue,ossos,dores e mentiras. Não se revolte com minha distância,tudo que tenho a lhe oferecer é uma profunda tristeza,isto é um adeus. Sei que sou covarde mas se por acaso vislumbrasse as lágrimas que lhe surgem furtivas e teimosas seria ainda mais infame,ficaria. Permanecer e etreita-lo em meus braços levemente tocar-lhe os lábios e sussurrar -Está tudo bem- Minhas forças se vão,tudo em volta vacila,vou morrer,estou em paz.

E então me semeie de novo na terra,como o pecado deste amor que jamais conhecerá.