AGENTE THETA OU PSI THETA

“AGENTE THETA OU PSI THETA”

Imaruí, SC, 18 de setembro de 2005.

Prezado Confrade e Irmão Zulmar,

Recebi a tua carta de 9/9 último, apesar de muito sucinta é muito informativa em seu rápido contexto, entretanto, agradeço a atenção que me foi dispensada, assim fico sabendo que não fui totalmente esquecido.

Aliás, uma das tuas muitas qualidades é a de ser sintético.

E a síntese, é uma qualidade dos sábios ou um status do executivo moderno.

Quanto as minhas qualidades que são poucas, prefiro a de ser prolixo.

De certa forma, é uma qualidade em que vejo a oportunidade de transferir alguns conhecimentos e fugir das mesmices da vida.

A minha dialética é explicativa, uma necessidade de expansão do meu espírito, talvez em vidas passadas, tenha sido eu um professor ou um erudito chato.

Quanto a tua cartinha sintética, eu passarei a respondê-la de forma “Ipsis Litteris”, será uma resposta textual aos assuntos nela tratado.

Com ela fiquei sabendo de novidades agradáveis que me trouxeram certo conforto, entretanto, nesta forma “Ipsis Litteris” ou “Ipsis Verbis” farei algumas advertências ao assunto com relação às mulheres, essas víboras que nos atormentam.

Segundo Santo Agostinho, que foi um devasso em sua vida profana e num arroubo de seus arrependimentos dizia que: “As mulheres por serem pérfidas e dissimuladas são o caminho mais curto para a danação eterna”.

Numa outra oportunidade em que ele não é tão arrependido como parece, dizia em suas orações o seguinte: “Senhor, concede-me a virtude da castidade, mas não agora!".

Assim que eu tiver terminado o meu ensaio sobre “A Serpente”, farei muito gosto que tu leias.

Nesse trabalho eu procuro definir e identificar as mulheres.

Não quero que penses que eu seja um misógino.

Muito pelo contrário, na verdade, eu sou um mulherólogo, às vezes também um mulherengo.

E por ser assim, delas eu tenho as minhas reais desconfianças e pleno conhecimento de causa.

É de teu conhecimento que eu já me casei por três vezes. E todas as três mulheres que eu tive somente me deram a oportunidade de fazer o pior juízo sobre elas.

Conforme o meu parecer, a mulher tem em seu inconsciente uma serpente dormida, quando por inabilidade acordamos essa víbora, ela passa a nos inocular com o seu veneno preferido: A perfídia e a dissimulação.

Por isso, é sempre preferível uma mulher desfrutável, essa é hedonista por natureza, apenas quer se satisfazer com o prazer e aceita um mimo qualquer, mesmo sabendo que será descartável e será sempre desfrutável.

Mas existem outras que não são descartáveis, sãos as mais perigosas, pois têm em mente outros projetos ou desejos que normalmente não vêm em encontro dos nossos.

Através do corpo que é o seu deus particular e da sensualidade que é a sua arma de conquista, elas prostram os homens para a consecução dos seus objetivos e com o engodo da sedução destroem até impérios.

Cuida-te, pois! Vovô gatinho!

O prazer do sexo ou da carne é muito bom, às vezes o considero até “Divino”. Desde que não interfira ou mude o desempenho da minha conta bancária. (saldo médio)

Com relação à situação de ser um prematuro avoengo ou a transformação em avô (nono), eu tenho duas proposituras de cujas assertivas tu não podes fugir.

Eis as duas assertivas:

A primeira é uma assertiva ontológica, que quer dizer o seguinte: sendo avô, estamos vivenciando a multiplicação da nossa própria raça e, de certa forma, nos projetando para um futuro através da difusão genética. Nesse ato de reprodução, evidentemente, somos eternizados, eles os descendentes, carregam para a eternidade a nossa memória genética.

Filosoficamente falando é o seguinte: A Ontogênese é a Paligênese da Filogênese, isto quer dizer que o individuo é a história de sua própria raça.

A segunda propositura é pelo fato de sermos avôs, é que, com esse ato da multiplicação da vida, fica mais do que evidente a nossa situação de senilidade, e que inconscientemente não a desejamos, pois assim estamos sendo elencados como mais um no rol da melhor idade.

O desenvolvimento ou a evolução da árvore genealógica nos traz grandes prazeres, todavia nos arroja no caminho inevitável da senescência.

Mesmo assim, os meus parabéns!

Quanto ao Toninho com os seus noventa e um anos, nada mais justo procurar uma companheira para saborear o crepúsculo da vida, pois nessa etapa volta-se à adolescência, que também é uma das melhores fases da vida.

Invejo o Toninho, pois eu não tenho essa predisposição porque fui picado pelas serpentes, mas dorme em mim uma necessidade mulherenga, por isso passei a criar a mulher ideal nos meus poemas, assim como fiz em “Flor-de-lis” e no controverso poema chamado de “Meu Caminho”.

Espero ainda encontrar a minha verdadeira “alma gêmea”. Nos meus sonhos e em contato com Milena ou Luzbel ela tem me dito que em breve encontrarei a minha contraparte feminina.

E que a minha situação de repulsa é natural, mas mesmo assim essa contraparte surgirá de uma forma sem a intervenção do meu assédio. Será como o desabrochar de mais uma flor no jardim da minha existência.

Tomara que essa flor seja uma rosa, mas que não tenha espinhos.

Está escrito e assim será por isso vivo esperando.

É muito bom que a Heloisa estude psicologia, melhor ainda se ela se especializar em psicanálise, estudando profundamente Sigmund Freud, C.G. Jung, Behaviorismo, Gestalt e muitas outras correntes psicológicas.

Ela terá um campo muito fértil de desajustados, principalmente de neuróticos, e com essa sua especialização, poderá propiciar ao pai dela uma terapia de apoio, pois o mesmo sofre uma grande manifestação inconsciente do arquétipo “anima”, que é a imagem feminina na psique do homem.

Mais uma vez cuida-te, pois a tua filha descobrirá essa tua tendência pelas serpentes.

Quanto a Anna Júlia, não a conheço, todavia em se tratando de menina já tem a minha real simpatia. Gostaria de saber como surgiu Anna Júlia?

Quanto à introdução da tua carta, uma perfeita síntese, eu quero tecer algumas considerações concernentes à vida.

Esse substrato metafísico e de contextura sutil a que chamamos de vida, é por si só a manifestação de uma outra vida numa outra dimensão que para nós é inconcepta e que chamamos de “Deus”.

“Deus” é a mais pura substância espiritual no seu grau infinitamente elevado.

Ele nos criou ou nos concedeu parte sua, a que chamamos de “vida”, por isso temos um grande compromisso para com “Ele”. Que é o de voltarmos a Ele.

Para que isso realmente ocorra, Ele mesmo nos preparou vários caminhos. Esses caminhos ou possibilidades de retorno ficam a nosso critério. Cada um toma o seu, conforme o seu entendimento.

Por isso, não importa qual o caminho que tomemos, o que realmente interessa é a meta final. O destino ou o objetivo da caminhada, por certo, será sempre vertical no sentido espiritual.

Somos partículas inteligentes, orbitando o grande e poderosíssimo átomo, o macrocosmo, e que no final dessa órbita ascensional e evolutiva, um dia, chegaremos ao grande NÚCLEO ou no epicentro vital.

Deus cedeu parte de si para criar a vida, pois o Infinito pode ceder partes sem perder a sua característica de Infinito e, em contrapartida, essas partes, um dia, terão que voltar ao TODO.

Eis a nossa grande e difícil caminhada, entretanto para concluirmos com sucesso essa caminhada, Ele nos deu a possibilidade da reciclagem com o grande evento da reencarnação.

Envolvidos demasiadamente com essa grande ilusão que é a matéria, nós esquecemos que estamos nesse “vale de lágrimas” já em processo de reciclagem.

Por isso, nos domínios da matéria, normalmente, perdemos a percepção do espiritual, que é um retrocesso na reciclagem, fato que, nos faz voltar a essa mesma matéria a fim de resgatarmos essa mácula.

O que é do espírito é do espírito e a matéria não pode intervir. Apenas é permitido ao espírito se servir da matéria e não a matéria se servir do espírito.

A matéria é necessária ao espírito.

Esse foi o meio escolhido pelo próprio espírito para depurar-se.

Entretanto não devemos deixar que ela nos enrede com as suas fascinações.

A matéria é efêmera e deteriorável, enquanto que o espírito é eterno e, por ser assim, ele tem uma grande responsabilidade com o seu próprio retorno para dimensões onde a matéria nada representa, simplesmente, inexiste.

Estamos mergulhados no mundo da ilusão (Maia), não devemos nos deixar enredar por ele para podermos finalmente galgar à realidade suprema.

É verdade, somos escravos dos cinco sentidos e da razão, por isso temos de procurar a nossa completude ou individuação para que, possamos nos administrar através dos impulsos do espírito. Eis a nossa grande dificuldade.

Pois a matéria embota o nosso espírito, ela é uma prisão que encarcera o espírito, por isso precisamos nos libertar, fazendo com que ela apenas nos sirva e não nos domine.

Prezado amigo e irmão, noutra oportunidade serei menos filósofo e espiritualista, porque tenho a impressão de estar ensinando ao mecânico o que é uma porca e um parafuso ou, ensinando o Padre Nosso ao Senhor Vigário.

Para terminar essa missiva que mais se parece como uma epístola evangelizadora, eu quero te dizer que o título dessa carta “Agente Theta” ou “Psi-Theta” trata-se de uma denominação cientifica em parapsicologia para o Espírito, como também é o código de acesso para o meu computador.

Para não me alongar nesta encíclica que se parece exaustiva e cansativa, portanto determino-lhe o seu fim e aproveito esta oportunidade única para te desejar todas as felicidades que o mundo pode te propiciar.

Um abraço fraternal deste teu amigo, também extensivo aos teus familiares.

“Explore a psique humana e entenda por que fazemos as coisas que fazemos”.

Eráclito.

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 13/12/2006
Código do texto: T317206