Lua, Minas e sensações...

“...As montanhas escondem o que é Minas...”

Adoro Minas, o estados das muitas Gerais, de Guimarães, de Milton, de Beto, e de Carlos, de Rubem, os Alves, os Drumond, os Guedes, os Nascimentos e os Rosas, poetas e poetas sem fim nos sertões das Gerais.

Lua, Minas e sensações...

Há uns 4 anos, em uma das minhas viagens de ônibus para Brasília, passei metade da madrugada atravessando o estado das Minas Gerais vislumbrando a lua branca, majestosa, solitária, como em todos os céus de noite de inverno.

Ouvia Ocean Gipsy (mar cigano), do Renaiscensse ( Banda irlandesa) no MP3, e viajava literalmente em sensações de devaneios,em campos por onde nunca passei com meus pés, mas com a mente. Saudades de rostos, pessoas que nunca vi, de um perfume no ar que nunca senti, vontade de tocar quem eu nunca toquei, dançar como nunca dancei, bailar nos lábios de uma cigana, e eu como um peregrino de longos cabelos amarrados a um lenço, batas brancas e cavalo negro. Olhar quente sobre uma fogueira que não parava de soltar labaredas em meus olhos. O vinho tinha gosto de paixão e solidão. Talvez isso fosse como orgasmo, como um gozo que jamais conheci.

Entrei na estrada margeada por árvores e constatei que era o cerrado de Goiás, árvores magras e tristes, mas lindas, começando a me acenar, o dia prestes a nascer, teimando em clarear, mas eu não queria deixar aquela doce e insana travessia em Minas.

Meu assento engolia meu corpo que sumia, e eu deliciosamente sonhava. Onde será esse lugar, que época, que gente é essa... Quem sou eu nesse momento?

As luas de inverno são sempre mais claras, sem estrelas, o céu sempre mais envolto na bruma da noite, e ela, a lua só tem nossa poesia como companhia.

Entretanto, um ano depois, casualmente, sem eu procurar por isso, foi me revelado por uma entidade cigana, que disse ter vivido em Granada, (região da Andaluzia na Espanha onde os ciganos difundiram sua cultura e foram bem aceitos na Europa), que eu tinha um cigano como um de meus guardiões protetores, a quem os católicos chamariam de anjo da guarda, os espíritas de espírito mentor, ou protetor, e outras doutrinas usariam outros codinomes.

A princípio aquilo me causou divertimento, mas minutos depois me vi nesse contexto, estranho isso, impressionante. Não fujas das revelações, elas te virão em tempo qualquer.

E até hoje isso me acompanha, nas viagens as Gerais, na lua de inverno, nas sensações de ser alguém que de tão ausente sente-se saudades...

Mônica Ribeiro

14/06/11

Mônica Ribeiro
Enviado por Mônica Ribeiro em 18/08/2011
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