Querida Zilda

Querida Zilda

Em treze de janeiro de 1995, após as dezoito horas, partimos ao litoral piauiense. A Lua misteriosa se fez presente até não mais poder admirá-la em razão do sono que se chegou a mim, ao Geraldo e Márcio. Horas relaxantes em lugar aprazível e seguro. Não acordamos, eu e o Márcio, quando o caminhão se movimentou sob o domínio do Geraldo. Só tomamos consciência de tal fato quando chegamos na cidade de Buriti dos Lopes, divisa com Parnaíba. O vento, característico da praia, nos despertou para estarmos novamente na rua Caramuru, Padaria Massa Fina, em Parnaíba. Cidade portadora de casas bonitas. Arquitetura invejável. Por sinal, já foi assunto na Revista Veja. Todas elas, as casas, têm detalhes diferentes. Prendo-me às linhas idealizadas das belas e caprichadas moradias ou locais de veraneio. As dunas teimosas e brancas dão um toque de mistério. É, Parnaíba, a terra da também Praia do Sal. Possuída por grandes e belas pedras. Lugar calmo e convidativo. Uma beleza para se fazer poemas, para se escrever na areia, para namorar e sonhar de olhos abertos ou fechados. Lugar bom para se estar em paz com Deus e os homens e consigo mesma. Lugar divino e sereno. As ondas valentes brincam na altura e de encontro nas desenvolvidas pedras. É beleza digna de ser apreciada, de ser cantada em versos pelos sensíveis poetas. É, porque poeta sente mais que as pessoas comuns. Sofre, porque sente mais e permanentemente. Também, tem o poeta, a dádiva de desfrutar, com profundidade, a beleza existente. É, portanto, um privilegiado, embora não lhe escape o sofrimento das coisas que não pode mudar para melhor.

- Miriam -

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Do livro “Mensagens para A. Tito Filho”, Edição da autora, Teresina, 1997, página 54.

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Francisca Miriam
Enviado por Francisca Miriam em 03/08/2011
Reeditado em 03/08/2011
Código do texto: T3136286
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