As Pedras da Tristeza
Caro Amigo,
Somos jovens, temos família, temos saúde, temos uma boa formação escolar e como cidadãos. Há pessoas que gostam muito de nós e outras que nem tanto, mas que também estão ao nosso lado. Temos várias coisas boas em nossas vidas e outras querendo entrar. Por que, então, estamos um tanto melancólicos? Por que estes súbitos de tristeza que nos aparecem?
Temos problemas! Sim, nós os temos! Mas, e daí?
“Quando encontrares uma pedra no caminho, não a atires, faça um degrau e suba.”
Como fazer uma escada bem sólida se não tivermos pedras? Os toquinhos de madeira apodrecem e não é todo local que se alcança com um “pézinho”.
Você já tentou carregar um sofá? Uns, nós só empurramos. Outros, são mais leves e levamos sozinhos. Porém, a maioria precisamos de uma outra pessoa para pegar do outro lado e levar conosco. Entretanto, nem toda pessoa é capaz de carregar o sofá com você: uns levantam demais e fazem com que o peso do sofá caia todo contra você, outros levantam tão pouco que faz com que suas costas doam. Mas não é o fim! Há aqueles que levantam na medida certa e carregar o sofá não seja tão dramático assim, pode até mesmo ser divertido.
Fazer degraus com as pedras que aparecem em nosso caminho é algo muito parecido com o ato de carregar um sofá. Até mesmo o pensamento de tentar pedir a outros para fazerem todo o trabalho é comum e prejudicial em ambos os casos. Se carregadores forem levar seu sofá, não terão todo o cuidado que você teria. Se uma outra pessoa for fazer o seu degrau, ele não ficará ergonomicamente ajustado para você: ou ficará alto demais e suas pernas terão dificuldades, ou ficarão muito baixos que o fará ter de trabalhar mais para subir a mesma coisa. Você tem que participar!!!
Às vezes, chega um trecho do nosso caminho que está tão entulhado de pedras que pensamos que nunca iríamos conseguir ir adiante. Dá-nos a vontade de sentar e esperar que o vento e a chuva retirem parte das pedras. Mas cuidado, eles podem trazer mais pedras, ao invés. Outro impulso é retroceder e desistir daquele caminho, quem sabe, procurar outro depois. Não! Não devemos fazer isto! Isto é coisa para os fracos e não é o que queremos ser. Um trecho desse cheio de pedras é bem difícil de ser atravessado, contudo, se o for, haverá material suficiente para subirmos vários degraus na escada da vida.
Pegar todas as pedras de uma vez só para, só mesmo, atirá-las fora, já é um trabalho tremendamente difícil. Muito mais fácil, prático e lucrativo é tentar pegar pedra por pedra e com elas ir fazendo degraus. O problema é que algumas pedras mais pesadas estão sobre outras, o que pode parecer esta retirada ser mais difícil. Lembra dos tocos de madeira que você coletou pelo caminho? Chegou a vez de usá-los. Faça um suporte provisório para as pedras mais altas enquanto você constrói a sua escada e sobe, enquanto você ganha forças e companhias. Daí, você já estará completamente hábil para alcançar as mais altas, removê-las do caminho e incorporá-las à sua escada. Porém, lembre-se que fizeste um suporte apenas temporário e que realmente terá de voltar para fazer algo definitivo. Aquela madeira, algum dia irá ruir e todas aquelas pedras voltarão a rolar no seu caminho, se você ainda não tiver removido definitivamente aquelas pedras e moldado-as para o seu uso.
Nesse trabalho de remover as pedras e construir degraus, podemos nos machucar em pontas afiadas ou devido a pedras que escorregam. Mas não podemos deixar que isto nos abale. Temos que pensar no nosso objetivo-mor que é completar nosso caminho e não esmorecer. Esses acidentes não nos podem fazer desvirtuar!
Na estrada da vida, há muitos caminhos que podemos seguir. Cada um deles com suas flores (alegrias) e suas pedras (dificuldades). Mas não podemos olhar apenas para as flores ou para as pedras do caminho a escolher (ou escolhido), temos que olhar, principalmente, para onde aquele caminho está nos guiando. Temos que tentar enxergar campos lindos e frutíferos do final. Nossa principal obrigação é ser feliz, acoplada a ela a de deixar os outros serem felizes. Algumas vezes, o nosso andar pela nossa estrada faz com que brotem pedras em estradas vizinhas, mas nem isso é de todo o mal. Aquela pedra que você, impropositalmente, lançou no caminho ao lado pode ser o encaixe fundamental da escada daquela pessoa que trilha aquele caminho.
Sei que podem parecer meros devaneios, muita loucura ou apenas uma estorinha bonitinha. Entretanto, eu queria que lhe servisse de reflexão e orientação na sua busca pela felicidade.