Carta ridícula de amor
Escreva-me quando doer o silêncio e estiver só
espero suas palavras pra me dizer o quanto é frágil
e passageira a beleza.
Sua indiferença já não fere o que sinto,
e a mim basta saber que seu contentamento é finito,
e que fica o que sempre esteve entre nós.
Escreva depois que todos forem embora
pra dizer o quanto me esperou,
e que a cada florada que perfuma a terra,
flores de laranja lima, flores de manacá,
vai me encontrar.
Se o balanço da rede fizer ruído
pense no carro de boi
e terá Minas,
e a mim.
Para e fique.
Escreva pra dizer: não tem fim!
Você me completa
Verso feio não cabe na tua pena
Não tem fim o que está pronto
palavra usada por quem tem santo na carteira
Quem escreve lápides escreverá a minha?
Quem bebe violeta beberá por mim?
Escreva-me e
não diga que me ama, por que acredito
Na festa esperei todos irem sem que me vissem
No silêncio em que espero sua carta
cinco letras escapam da minha boca
te amo!