A primeira e última carta.

Domingo, 12 de agosto de 2001.

Mãe “derícia”,

Sei o quanto você está sofrendo com a minha partida, mas foi necessário. Necessário para nós duas; primeiro para você que ainda não estava preparada para assumir esta responsabilidade, depois para mim que já estava sofrendo demais.

Sabe, depois que me submeti àquela operação, Deus me deu uma nova chance de viver e era isso que eu queria... Eu queria viver! Já estava até começando a engatinhar, de vez em quando eu me arriscava e dava alguns passinhos em pé, tudo isso porque eu era teimosa e queria viver.

Não quero lhe culpar, eu sei que você gostava de mim, mas às vezes você esquecia que eu precisava de cuidados especiais. Eu precisava de mais atenção, porém o seu egoísmo falava mais alto. Tudo bem, a vida é assim mesmo – dizem.

Agora, eu estou em um lugar maravilhoso, já posso até ouvir os anjos cantarem. Não chore por mim...

Espero que você aprenda a lição, pois eu vim pra isso.

Apesar de todo o meu sofrimento aqui neste mundo, posso dizer que: foi bom enquanto durou.

Adeus de sua filha “derícia”,

Bia.

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Beatriz Nunes nasceu no dia 24 de novembro de 2000 em Belém (PA) e faleceu no dia 12 de agosto de 2001 na mesma cidade. Ela era uma garotinha muito linda que após alguns meses de vida teve que fazer uma cirurgia no intestino, sendo que semanas depois da operação, por várias complicações, veio a falecer.

Sua mãe a tratava carinhosamente pelo apelido de "derícia" (delícia), filha "derícia".

Minha eterna sobrinha.

W Nunez
Enviado por W Nunez em 22/07/2011
Reeditado em 23/07/2011
Código do texto: T3112619
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