Carta para a dor, minha velha amiga.

Oi, dor!

Tudo bem? Comigo sim.. Só queria te dizer que esse tempo que estou lhe dando, é apenas para que tu fiques mais forte. Mas queria dizer, também, que estou um pouco ansiosa com a sua chegada! Não vejo a hora de você vir correndo para mim, como sempre faz, e se surpreender ao colidir violentamente com o meu muro. Por isso, é melhor tu ir bolando um plano, para conseguir entrar no meu peito. Já vou avisando que se a senhora quiser diluir-se e misturar-se ao ar, também não irás conseguir, pois já dei um jeito de bloquear a passagem de ar, o que também explica boa parte de quem sou agora, nesse instante.

Ah, e antes que eu me esqueça, chegou um novo inquilino, aqui no nosso coração! Ele se chama segurança, e tem sido bastante meu amigo, nesses últimos dias… Sinto muito, mas o espaço que tu terás agora é menor… Talvez sejá melhor maneirar na bagagem. Trazer coisas mais leves… E se a senhora quiser passear, há qualquer hora, não precisa mais pedir minha permissão! Está liberada para ir a hora que quiser! É só me ligar, quando estiveres pra voltar.

Ah, eu peço desculpas pelo inconveniente, além de estragar a surpresa… Mas sabe como é, né; a senhora já fez tanta morada no meu peito, que de certa forma tornou-se minha amiga. Sentiria-me mal, se não a avisasse das mudanças que me aconteceram nos últimos dias..

E quando já estiver chegando, talvez possa tocar a campainha. Quem sabe eu lhe deixe esperar na porta por alguns minutos.. Ou algumas horas.. Alguns dias, talvez. Mas já que a senhora deu-me o prazer de viver algum tempo sem a tua presença, sinto-me na obrigação de retribuir, oferecendo-lhe morada.

Obrigada, um beijo!

Bárbara Ornellas
Enviado por Bárbara Ornellas em 18/07/2011
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