A Última Flor.
''E virá como guerra
A terceira mensagem
Na cabeça do homem
Aflição e coragem
Afastado da terra
Ele pensa na fera
Que o começa a devorar..'' (Zé Ramalho)
Era final de tarde, e Klafia fazia uma visita ao Museu Histórico de sua cidade. Passava pelo correr de Arte Terráquea desatenta. Nunca gostara da Terra. Aqueles objetos eram os poucos que sua raça havia conseguido salvar, pouco antes da exterminação humana. Era engraçado pensar que eles, os tão temidos ''aliens'' estavam lá o tempo todo; e não foram eles os causadores do extermínio. Enquanto caminhava, porém, uma coluna dourada despertou sua curiosidade. Aproximou-se. Lacrada por um tubo, havia uma carta. Amarelada pelo tempo, e com várias manchas marrons. Logo abaixo, sua tradução. Klafia percorreu seus olhos pela original e logo após pela tradução. Eis o conteúdo:
São Paulo, 19 de Agosto de 2.095
Talvez eu deva começar esta carta com uma apresentação. Meu nome é Daniel Monteiro Silva. Trabalho (ou trabalhava) como vendedor no comércio da Zona Norte, em São Paulo. Se alguém estiver lendo esta carta, eu com certeza estarei morto. A maior parte do mundo estará. Estou trancado num prédio que construíam perto de onde eu trabalhava. São 15:33 da tarde. Estou ouvindo portas batendo lá embaixo. O prédio deve estar sendo invadido neste momento. Logo, eu serei carne moída. Talvez uma bela ironia do destino por eu gostar tanto assim de carne moída.
Ouço também suas vozes. Um punhado de palavras gritadas com ferocidade. Se falassem mais devagar, conseguiria entender. Se eu tivesse concluído o ensino médio, também. Inglês é realmente um belo idioma, quando ouvido segundos antes de sua morte. É claro, nem precisam me dizer que eu deveria estar triste por estar à segundos de encontrar a morte. Mas eu realmente acho que morrer por um calibre de um maldito americano, é mais digno que morrer com o que virá em seguida. A última carta na manga deles.
Uma arma que provará toda a inteligência e superioridade da raça humana. Pois bem, já ouço eles invadindo o andar debaixo, é melhor me apressar em dizer o que está acontecendo, e o que pretendo com esta carta.
Lá fora, o mundo se esvai. Tiros, gritos, bombardeios. Sangue. Morte. A raça humana construiu sua própria destruição. Não foi por falta de aviso. Nem de tentativas vãs de propagar novamente a paz. Mesmo que falsa. Os passos estão se intensificando.
Estamos na t
Último relato escrito pela raça humana. ( - 19/08/2.095) – Anos Terráqueos.