Balanço de minha vida - o fim de uma historia de amor

Diferentemente dos vários balanços gerais de minha vida, neste parei para pensar em algo óbvio que nunca tinha dito a mim mesmo, sequer. Notável sempre foi para mim mesmo que nunca tive um namorado. Pois é. Um namorado que me chamasse de meu bem, de meu amor, que me desejasse feliz aniversário, que vislumbrasse a magia do natal ao meu lado, que se desmanchasse de romantismo no dia dos namorados...

E isto me leva a uma reflexão: eu não me considero feio. Sei que sou magro talvez em excesso ,mas, não sou feio. Mas o que é a beleza também não é?...algo tão relativo que nunca terá unanimidade sequer quanto a sua definição na visão de quem quer que seja. Não me considero uma má pessoa, apesar de saber, sentir orgulho (e saudades) de minha pureza e índole de antigamente, ainda preservo algumas destas características tão raras em um meio tão promiscuo e insensível, se assim podemos definir.

Eu não tenho muitas histórias românticas para contar. Muito menos histórias bonitas se quiser considerar casos reais. Também não estou dizendo que sou um vegetal e digno de sentimentos de piedade porque não quero e não acho que preciso ou mesmo que seja esta a questão... Bem, estou com 31 anos. Estou, pelo visto, longe de ser feliz ao lado de um eterno amor. Não mantenho lembranças de pessoas que me desejaram a ponto de lutar por mim. Não considero luta enfrentar toda a sociedade ou família. Lutar simplesmente por tentar me conquistar, sem pensar (talvez lembrar) no que poderia ter de lidar depois. Não, não é que não me lembro. É que não tenho mesmo. Claro que já amei intensamente, sem reciprocidade. Histórias assim, poderia contar, não são muitas, mas poderia passar dias relatando detalhes do dia a dia destes poucos amores não bem vividos a ponto de se tornarem o que eu considero meus namorados. Não, não, longe disto também.

Mas eu vivi. O tempo passou. E eu não consegui prender os amores que passaram pela minha vida. Alguns eu cometi erros. Erros não de fidelidade, claro que não, (não seria minha tão preservada índole) mas sim, erros de condução vamos por assim dizer, ou mesmo de maldade para saber seduzir e aflorar o amor no coração do outro ou...algum erro (muito provável) que ainda não consegui identificar.

O fato de tantas e tantas voltas sem dizer o que eu comecei a dizer quando uma tempestade de idéias, trovões de lembranças e palavras soltas se encaixando como um quebra cabeça é que o gosto amargo destas palavras vem rapidamente substituir o delicioso chocolate que ainda pouco perpassava meu paladar com gostinho de fino doce. Pois é...comecei dizendo que em um dos balanços gerais de minha vida, este que estou descrevendo agora, parei para pensar em algo óbvio que nunca tinha dito a mim mesmo, sequer. É porque não é fácil dizer. É doloroso, para um cara como eu então... mas é um fato. E tenho consciência disto. Doe, mas a verdade é melhor que qualquer remédio. Pois é...eu nunca escutei a tão famosa frase “Eu te amo”...nunca a não se de minha, claro, tão amada mãe. Amo-a demais. Mais do que a mim mesmo. Mas sabemos todos que lêem que não é a mesma coisa. Sabe, tenho a impressão que você me entende, mas hoje não saberia dizer se ama. Mesmo que não diga. Não sei se me enganei um dia quando acreditei que me amava...não sei mesmo!

O que me levou a esta reflexão de hoje, mais uma vez, foi um filme. Não tão marcante assim, romântico como não poderia deixar de ser, mas eis que de repente me levou há uma reflexão que me pergunto por que outros filmes que tão mais me emocionaram não me levaram...

Usando um pouco da idéia do filme e de minha personalidade penso:

Viver cem (100) anos com a glória do saber, da realização profissional, da vida vivida e aproveitada, porém sem conhecer um amor verdadeiro, sem conhecer alguém que lhe dissesse pura e verdadeiramente “eu te amo” ou viver 20 anos somente, mas tendo tido oportunidade de conhecer o amor intenso, companheiro, agradável, o amor eterno e verdadeiro?

Para todos que me leem:

Sua opinião não pode ser sua voz. Somente seu coração poderá dizer, entretanto, seus atos precisam demonstrar. Precisa dizer “Eu te amo” com o coração. Não perca a oportunidade. Única já é a oportunidade de viver um verdadeiro amor. O resto...é resto. Não torne difícil um ato tão simples se verdadeiro. Talvez exista alguém que esteja esperando ouvir isto de você. E hoje pode ser o último dia que poderá dizer, não sabemos não é mesmo?

Eu, em toda minha vida, disse isto muito poucas vezes, "contável" nos dedos de uma única mão e, nos últimos anos, tenho a convicção de que disse isso uma única vez. Não surtiu efeitos, sequer demonstração de afeto, mas eu disse. Foi puro e verdadeiro. Direi novamente, e se nestas mesmas situações, pela última vez. Preciso parar de escrever. Preciso porque meu coração pede. Preciso porque as noticias que os ventos me trazem soam que não tenho feito bem ao meu amor.

O tempo não cura o amor mas minimiza a dor. Não quero ver sofrimento.

O tempo não nos faz esquecer mas nos ajuda a distrair.

Vai. Seja feliz. Se amar diga. Você é como eu. Não iria conseguir segurar, prender um imenso amor.

O tempo me ajudará. Há de ajudá-lo também, no que precisar.

Não, não estava me esquecendo...por fim...para encerrar esta minha jornada aqui...eu lhe digo...

Eu amo você!

Otavio Freitas
Enviado por Otavio Freitas em 16/07/2011
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