Eu fui muito feliz para sempre...

Agora com certa idade, é que percebo que fui feliz sim. Percebo que a felicidade estava sempre ali, perto de mim, nos pequenos momentos vividos, especialmente, em minha infância. A felicidade estava sempre perto de mim....

No banho de bica quando chovia, no banho de bacia com a canequinha; no grampo de cabelo que prendia a sandália quando ela quebrava; no jogo de gude, debaixo de um sol a pino e na lata de leite cheia de gudes conquistadas, que exibia como um troféu.

No cheiro de terra molhada que invadia a casa quando a chuva caia lá fora; no som da goteira.

Na bronca de minha mãe quando derramava o café na toalha de mesa, quase todo dia.

No lavar dos pés antes dormir, depois de brincar a noite toda.

Nos preparativos para ir à praia, com todas as merendas possíveis e imaginárias que minha mãe preparava; sempre achei o dia anterior mais feliz, pois havia um ritual e uma ansiedade gostosa no ar, rezávamos para não chover.

No doce e inesquecível aroma do café feito no coador.

No "kitute" que substituía a falta de carne .

No “kisuco” com pão que deixava a língua vermelha por conta do corante;

No prazer em saborear o geladinho de frutas de D. Zilda.

Na delícia em sentar no fundo do quintal, chupar cana e tentar assoviar.

Nas histórias folclóricas que os mais velhos contavam.

Nos aniversários que eu e meu irmão íamos e brigávamos para quem ia entregar o presente ao aniversariante.

Do primeiro beijo, real.

Do primeiro amor, platônico.

Na amizade verdadeira e no amor recíproco entre os amigos.

No barulho da “Kombi” de meu Pai quando ele voltava do trabalho.

No pentear dos cabelos, sentada entre as pernas da minha Mãe, regado com água e óleo de luz, estava protegida e em paz neste momento.

E como um feitiço do tempo, até hoje, tudo isso ainda está em mim.

By Me.

Daly Nascimento
Enviado por Daly Nascimento em 11/07/2011
Reeditado em 17/05/2015
Código do texto: T3089370
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