Olá, papai!
Escrevia pra você não só no “Dia dos Pais”, mas sempre que precisava dizer algo mais.
Cartas desenhadas deixava sorrateiramente em seus bolsos. Sabia ter lido pela expressão de seu olhar ao voltar da escola pra casa. Ao esconder um sorriso, sinal de aprovação. Ao não gostar, testa enrugada. Fugia de fininho de seu sermão, mas você sabia como voltar ao assunto e contando-me alguma história, mostrar-me o erro cometido.
De história em história tentava corrigir e orientar sua menina rebelde, questionadora e insaciável em todas as coisas.
- Quanta sabedoria, papai!
“Pan y Vino” era seu apelido. Hoje entendo por que.
Ensinou-me sua “matemática portuguesa”, como gostava de nomear e até hoje resolvo cálculos conforme aprendi com você. Com o tempo entendi como podia ser tão bom nas contas. A vida te ensinou. Precisava ser hábil e encontrou sua saída.
- Concordo!Matemática não é ciência exata... Grande papai!
Não disse como te admirava por isto e nego-me a lamentar palavras não-ditas.
- Ouça-me agora meu pai, meu melhor amigo!
Sei que me escuta e vejo-o sorrir. Sinto-o a meu lado orientando-me em sonhos e sinais...
Seu amor por mim foi incondicional e assim é o meu por você.
Hoje adulta e mãe permaneço sua menina moleca, sapeca e curiosa em tudo. Disse-me
pra nunca deixar morrer a garotinha alegre e sonhadora que morava em mim.
- Não deixei nem deixarei pai! A criança segue comigo...
Apresentou-me à natureza, música, artes e ao valor do trabalho. Tentei ser bailarina e pianista pra nossa alegria! Não suportei as sapatilhas de ponta e exagerei ao “brincar” acrescentando acordes de MPB à Mozart. Você aplaudiu-me de pé em entendimento e apoio e por isto virou “meu pôio”!
Cantávamos espantando fantasmas e hoje cantarolando nossas músicas, ouço sua voz grossa acompanhando-me em dueto de amor.
Não gostava quando tentava desentortar meu dedão do pé, ao dizer rindo, que mulher de dedo arrebitado era geniosa e indomável.
- Coitado de quem tentar te colocar rédeas, minha ave selvagem! Seu vôo é livre, Tetéia!
Será um erro deixar-se prender. Se permitir, será infeliz...
Mais uma vez estava certo, pai! Hoje me orgulho do meu dedão arrebitado, por lembrar-me de como ria a me ver triste te mostrando mais um sapato escolar Vulcabrás furado.
Sua partida repentina deixou-me imenso vazio. Obrigada a Deus por estar ausente quando se foi e não terem me encontrado a tempo de ver seu corpo sem vida. Rosa vermelha, preferência sua e flores do campo preferência minha, deixei sobre seu túmulo em “Adeus” solitário e dor ardente pelo pressentimento não entendido e incapacidade diante do imutável. A imagem de meu "Lilino" é viva em movimentos! Que bênção! Não cogitei a possibilidade da morte roubar-te de mim, incrédula ao que julgava pesadelos... Era jovem e imatura demais pra caminhar sem seu amparo. Sofri calada.
Nossos segredos guardados estão em minh’alma!
- Se fui pouco tolerante com suas dificuldades e avessa a excessos de abraços e beijos, perdoa-me.
Queria que estivesse aqui pra ver sua neta crescer e ser avô-pai...
-Ela sente sua falta sem ter te conhecido. Sonha com você sem tê-lo visto! Te chama de “vôzinho”, pai!
Queria te abraçar. Do seu lado esquerdo com sua neta à direita passearmos os três por aí...
Posso sentir seu calor e até vê-lo se preciso de seu rosto confiante em minha força.
- Você está vivo em mim e a sua neta cabe te perpetuar. Tudo que me ensinou tento ensinar a ela, mas não sou tão boa como você...
Ao sentir-me só, vou a nossa minúscula praia escondida entre rochas e solto a voz ao vento:
- VOLTE “PÔIO”!
Ouço o eco na sintonia de nossas almas, dizendo-me:
- Filha, RENOVE-SE e SIGA!Estou aí...
Saio mais serena.
- Até um dia, pôio! Vou te reencontrar! Você não era do mundo, apenas por ele passou. Era ANJO em forma de PAI. Eu não sabia...
Com TODO O AMOR DO UNIVERSO,
Tetéia
IMAGEM retirada da net
Music PAI Fábio Junior
BraSil
World Music
Escrevia pra você não só no “Dia dos Pais”, mas sempre que precisava dizer algo mais.
Cartas desenhadas deixava sorrateiramente em seus bolsos. Sabia ter lido pela expressão de seu olhar ao voltar da escola pra casa. Ao esconder um sorriso, sinal de aprovação. Ao não gostar, testa enrugada. Fugia de fininho de seu sermão, mas você sabia como voltar ao assunto e contando-me alguma história, mostrar-me o erro cometido.
De história em história tentava corrigir e orientar sua menina rebelde, questionadora e insaciável em todas as coisas.
- Quanta sabedoria, papai!
“Pan y Vino” era seu apelido. Hoje entendo por que.
Ensinou-me sua “matemática portuguesa”, como gostava de nomear e até hoje resolvo cálculos conforme aprendi com você. Com o tempo entendi como podia ser tão bom nas contas. A vida te ensinou. Precisava ser hábil e encontrou sua saída.
- Concordo!Matemática não é ciência exata... Grande papai!
Não disse como te admirava por isto e nego-me a lamentar palavras não-ditas.
- Ouça-me agora meu pai, meu melhor amigo!
Sei que me escuta e vejo-o sorrir. Sinto-o a meu lado orientando-me em sonhos e sinais...
Seu amor por mim foi incondicional e assim é o meu por você.
Hoje adulta e mãe permaneço sua menina moleca, sapeca e curiosa em tudo. Disse-me
pra nunca deixar morrer a garotinha alegre e sonhadora que morava em mim.
- Não deixei nem deixarei pai! A criança segue comigo...
Apresentou-me à natureza, música, artes e ao valor do trabalho. Tentei ser bailarina e pianista pra nossa alegria! Não suportei as sapatilhas de ponta e exagerei ao “brincar” acrescentando acordes de MPB à Mozart. Você aplaudiu-me de pé em entendimento e apoio e por isto virou “meu pôio”!
Cantávamos espantando fantasmas e hoje cantarolando nossas músicas, ouço sua voz grossa acompanhando-me em dueto de amor.
Não gostava quando tentava desentortar meu dedão do pé, ao dizer rindo, que mulher de dedo arrebitado era geniosa e indomável.
- Coitado de quem tentar te colocar rédeas, minha ave selvagem! Seu vôo é livre, Tetéia!
Será um erro deixar-se prender. Se permitir, será infeliz...
Mais uma vez estava certo, pai! Hoje me orgulho do meu dedão arrebitado, por lembrar-me de como ria a me ver triste te mostrando mais um sapato escolar Vulcabrás furado.
Sua partida repentina deixou-me imenso vazio. Obrigada a Deus por estar ausente quando se foi e não terem me encontrado a tempo de ver seu corpo sem vida. Rosa vermelha, preferência sua e flores do campo preferência minha, deixei sobre seu túmulo em “Adeus” solitário e dor ardente pelo pressentimento não entendido e incapacidade diante do imutável. A imagem de meu "Lilino" é viva em movimentos! Que bênção! Não cogitei a possibilidade da morte roubar-te de mim, incrédula ao que julgava pesadelos... Era jovem e imatura demais pra caminhar sem seu amparo. Sofri calada.
Nossos segredos guardados estão em minh’alma!
- Se fui pouco tolerante com suas dificuldades e avessa a excessos de abraços e beijos, perdoa-me.
Queria que estivesse aqui pra ver sua neta crescer e ser avô-pai...
-Ela sente sua falta sem ter te conhecido. Sonha com você sem tê-lo visto! Te chama de “vôzinho”, pai!
Queria te abraçar. Do seu lado esquerdo com sua neta à direita passearmos os três por aí...
Posso sentir seu calor e até vê-lo se preciso de seu rosto confiante em minha força.
- Você está vivo em mim e a sua neta cabe te perpetuar. Tudo que me ensinou tento ensinar a ela, mas não sou tão boa como você...
Ao sentir-me só, vou a nossa minúscula praia escondida entre rochas e solto a voz ao vento:
- VOLTE “PÔIO”!
Ouço o eco na sintonia de nossas almas, dizendo-me:
- Filha, RENOVE-SE e SIGA!Estou aí...
Saio mais serena.
- Até um dia, pôio! Vou te reencontrar! Você não era do mundo, apenas por ele passou. Era ANJO em forma de PAI. Eu não sabia...
Com TODO O AMOR DO UNIVERSO,
Tetéia
IMAGEM retirada da net
Music PAI Fábio Junior
BraSil
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