“OS SEGREDOS DA VIDA LONGA”
Caro amigo Obery,
Acabei de reler a sua crônica “Os Segredos da Vida Longa”. Ótima. Essas reflexões sobre uma vida longa, acima da média, são para se pensar mesmo. Acho que não tem uma fórmula. Uns vão dizer que uma "chamada de cachaça", todos os dias, faz bem e prolonga a vida; outros vão dizer que é não beber e nem fumar; alguns mais vão dizer que é dormir cedo e acordar mais cedo ainda (a crônica diz isso) e a grande maioria vai dizer que é aproveitar a vida antes que ela leve a vida da gente.
Afinal, qual é o segredo de se viver tanto? É honrar pai e mãe? É ser feliz? Acredito que honrar pai e mãe é, antes de tudo, uma obrigação de filho (a carta de Paulo, o Apóstolo, afirma que honrar pai e mãe é sinônimo de felicidade e vida longa). E, talvez para o seu espanto, não acredito que a felicidade seja sinônimo de vida longa. Acho até que a felicidade encurta a vida, se olharmos por determinados ângulos. Senão, vejamos: essa incessante busca do homem pelo bem comum, ao invés de trazer-lhe paz e serenidade, age ao contrário. Deixa-o insatisfeito, obcecado pela ideia de uma vida sem conflitos, cheia de luz e brilho, à procura desse paraíso aqui na Terra. Não existe. A vida é um equilíbrio de forças onde só existe o bem porque existe o mal - e vice-versa -, onde a alegria vem, sempre, atrelada à tristeza do dia seguinte, onde as boas coisas da vida caminham, paralelamente, avistando sempre o mal ao seu lado. Portanto, não acredito muito nessas máximas sobre se ter vida longa.
Quer mais um exemplo de que vida longa não tem receita? Você. Diga-me: qual criança, hoje em dia, que contrai as doenças de "menino" do seu tempo (ou do meu tempo) e sobrevive? Se alguém, nos dias atuais, pegasse a metade das doenças que você e eu pegamos, já estaria enterrado a sete palmos do chão. E não adianta me dizer que a medicina evoluiu e muitas das doenças, antes incuráveis, hoje são tratadas com remédios caseiros. Não é isso. A criança, destes tempos modernos, não tem mais esses anticorpos do seu tempo ou do meu tempo. Criava-se por necessidade, para escapar das intempéries.
Agora, eu acredito, sim, na medicina que auxilia a se ter uma vida mais saudável. Por outro lado, lembra-se que, antigamente, só morria de câncer quem era rico? Hoje em dia, o câncer é doença de pobre. Sabe por quê? As condições de vida melhoraram. O pobre come mais e melhor. Está aí a causa do câncer de rico. Bem, mas se isso for um motivo para não se viver mais, eu prefiro comer a comida de pobre de antigamente ao invés da comida de rico de hoje em dia.
Entretanto, não posso deixar de parabenizá-lo pela excelente crônica. Aliás, tudo que está colocado aí é uma sequência de aprofundamentos e não uma mera narrativa que “insinua” ensinar ou encaminhar. A sua sábia escrita mostra que os caminhos são diversos. No entanto, eu acho que você é uma pessoa mais que abalizada para poder inferir, em nós leitores, possibilidades de se ter uma vida longa.
Quem sabe não seja o avanço da medicina? Ou talvez o respeito que devemos ter sempre para com os nossos antecedentes, principalmente, daqueles que herdamos o DNA. Pode ser - como dizem alguns filósofos, dentre eles aquele que transformou a filosofia ocidental: Aristóteles - a felicidade. Pode ser. Quem sou eu para discutir sobre algo abstrato e que não pode ser questionado? Eu não, mas você pode. Pode porque você é testemunha de que a felicidade lhe fez muito bem: um casamento estável, uma esposa homenageada, descrita como sendo a pessoa eterna do seu bem-querer - dedicada, filhos que só lhes deram alegrias, tudo isso contribuiu (e contribui) para uma vida longa sem ser preciso apelar para a alquimia dos mortais. A própria realização profissional, as boas amizades, as trocas sinceras de reflexões, enfim, tudo leva a uma vida prazerosa, rica em cultura e entretenimento.
Já, por outro lado, as orações de mãe são fortes. Elas afastam os maus-olhados e afugentam as más companhias e recebem, lá de cima, o aval da mãe maior. Pode ser isso também. Sinceramente, não sei. Crente como sou, vou para o lado do sagrado maior, do Deus que me rege: a vida é um dom dEle e a Ele pertence. Ele dá e Ele tira, quando bem quer. Assim, viver mais do que merecemos é uma dádiva que Ele nos concede. E se vem dEle, a única coisa que devemos fazer é agradecer: Obrigado, meu Pai!
Obery, viu como a sua crônica me fez viajar? Isso se chama maestria do autor. E eu só tenho que lhe parabenizar por ter me feito interagir dessa forma.
Um abraço,
Raimundo Antonio.
Caro amigo Obery,
Acabei de reler a sua crônica “Os Segredos da Vida Longa”. Ótima. Essas reflexões sobre uma vida longa, acima da média, são para se pensar mesmo. Acho que não tem uma fórmula. Uns vão dizer que uma "chamada de cachaça", todos os dias, faz bem e prolonga a vida; outros vão dizer que é não beber e nem fumar; alguns mais vão dizer que é dormir cedo e acordar mais cedo ainda (a crônica diz isso) e a grande maioria vai dizer que é aproveitar a vida antes que ela leve a vida da gente.
Afinal, qual é o segredo de se viver tanto? É honrar pai e mãe? É ser feliz? Acredito que honrar pai e mãe é, antes de tudo, uma obrigação de filho (a carta de Paulo, o Apóstolo, afirma que honrar pai e mãe é sinônimo de felicidade e vida longa). E, talvez para o seu espanto, não acredito que a felicidade seja sinônimo de vida longa. Acho até que a felicidade encurta a vida, se olharmos por determinados ângulos. Senão, vejamos: essa incessante busca do homem pelo bem comum, ao invés de trazer-lhe paz e serenidade, age ao contrário. Deixa-o insatisfeito, obcecado pela ideia de uma vida sem conflitos, cheia de luz e brilho, à procura desse paraíso aqui na Terra. Não existe. A vida é um equilíbrio de forças onde só existe o bem porque existe o mal - e vice-versa -, onde a alegria vem, sempre, atrelada à tristeza do dia seguinte, onde as boas coisas da vida caminham, paralelamente, avistando sempre o mal ao seu lado. Portanto, não acredito muito nessas máximas sobre se ter vida longa.
Quer mais um exemplo de que vida longa não tem receita? Você. Diga-me: qual criança, hoje em dia, que contrai as doenças de "menino" do seu tempo (ou do meu tempo) e sobrevive? Se alguém, nos dias atuais, pegasse a metade das doenças que você e eu pegamos, já estaria enterrado a sete palmos do chão. E não adianta me dizer que a medicina evoluiu e muitas das doenças, antes incuráveis, hoje são tratadas com remédios caseiros. Não é isso. A criança, destes tempos modernos, não tem mais esses anticorpos do seu tempo ou do meu tempo. Criava-se por necessidade, para escapar das intempéries.
Agora, eu acredito, sim, na medicina que auxilia a se ter uma vida mais saudável. Por outro lado, lembra-se que, antigamente, só morria de câncer quem era rico? Hoje em dia, o câncer é doença de pobre. Sabe por quê? As condições de vida melhoraram. O pobre come mais e melhor. Está aí a causa do câncer de rico. Bem, mas se isso for um motivo para não se viver mais, eu prefiro comer a comida de pobre de antigamente ao invés da comida de rico de hoje em dia.
Entretanto, não posso deixar de parabenizá-lo pela excelente crônica. Aliás, tudo que está colocado aí é uma sequência de aprofundamentos e não uma mera narrativa que “insinua” ensinar ou encaminhar. A sua sábia escrita mostra que os caminhos são diversos. No entanto, eu acho que você é uma pessoa mais que abalizada para poder inferir, em nós leitores, possibilidades de se ter uma vida longa.
Quem sabe não seja o avanço da medicina? Ou talvez o respeito que devemos ter sempre para com os nossos antecedentes, principalmente, daqueles que herdamos o DNA. Pode ser - como dizem alguns filósofos, dentre eles aquele que transformou a filosofia ocidental: Aristóteles - a felicidade. Pode ser. Quem sou eu para discutir sobre algo abstrato e que não pode ser questionado? Eu não, mas você pode. Pode porque você é testemunha de que a felicidade lhe fez muito bem: um casamento estável, uma esposa homenageada, descrita como sendo a pessoa eterna do seu bem-querer - dedicada, filhos que só lhes deram alegrias, tudo isso contribuiu (e contribui) para uma vida longa sem ser preciso apelar para a alquimia dos mortais. A própria realização profissional, as boas amizades, as trocas sinceras de reflexões, enfim, tudo leva a uma vida prazerosa, rica em cultura e entretenimento.
Já, por outro lado, as orações de mãe são fortes. Elas afastam os maus-olhados e afugentam as más companhias e recebem, lá de cima, o aval da mãe maior. Pode ser isso também. Sinceramente, não sei. Crente como sou, vou para o lado do sagrado maior, do Deus que me rege: a vida é um dom dEle e a Ele pertence. Ele dá e Ele tira, quando bem quer. Assim, viver mais do que merecemos é uma dádiva que Ele nos concede. E se vem dEle, a única coisa que devemos fazer é agradecer: Obrigado, meu Pai!
Obery, viu como a sua crônica me fez viajar? Isso se chama maestria do autor. E eu só tenho que lhe parabenizar por ter me feito interagir dessa forma.
Um abraço,
Raimundo Antonio.
Obs. O escritor Obery Rodrigues com a escritora Edna Lopes no Aeroporto Augusto Severo em Natal/RN.
link para a crônica: http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/3080097