[Sapere... ou a Incompletude]
Atenta para estes fragmentos
que ora te ofereço... são lagos de nada...
Perguntas-me o que eu quero saber,
e te digo que é quase nada...
Pois, eu quase... quase quisera saber,
a cor de teus olhos;
o timbre de tua voz,
a sonoridade do teu sorriso,
o aroma dos teus cabelos,
o toque de tuas mãos...
Mas seria pedir muito,
por isso, quase,
apenas quase quisera...
Pois não preciso saber,
não ouso querer saber,
e nem me atrevo a saber!
... ... ... ...
... E o poema fica assim, na falta a ser...
Um dia, eu o concluo... ou o esqueço;
afinal, tudo acontece assim...
apenas para ter o sabor de ficar incompleto,
pois somos a própria incompletude,
e os nossos olhos jamais irão se mirar.
[Eu sei: é terrível anteperder o olhar!]
Vê só? Pouca coisa eu quisera saber de você...
Também eu capricho de ser irônico,
pois sei bem que só a ironia
há me salvar do ridículo,
e do absurdo de existir!
[Penas do Desterro, 09 de julho de 2011]