Não para mim, para ti

A voz que me amava em sua verdade, se foi.

E, ainda, a voz, que mesmo em sua não veracidade, me amava, foi-me tirada.

Deveras eu agora prosseguir buscando outra voz que me ama em suas novas condições?

Ou não é de melhor feitio que eu me torne uma voz a amar:

Pois que sejam estas ou aquelas as posições mais honradas, eu me abstenho de tê-las.

Já que o anjo da morte me visita, o sinto acariciar-me, esvaindo assim de mim o medo que houvera antes em minha alma.

Não posso ter em mim o egoísmo de amar ou deixar-me ser amada.

Pois, não tenho tempo e regalo de terra em meu coração que sirvam de recanto para outro ser.

Pousam agora em mim, olhos de quimeras que o espelho não suportou.

Porque já não sei eu viver d’outra maneira, há não ser esta, na melancolia enraizada

em mim.

Transpor a alma minha, ó dura delícia, lânguidas são as horas em que empenho-me a tal trabalho.

Lizana Bazoni
Enviado por Lizana Bazoni em 05/07/2011
Reeditado em 11/08/2011
Código do texto: T3077816
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