Não para mim, para ti
A voz que me amava em sua verdade, se foi.
E, ainda, a voz, que mesmo em sua não veracidade, me amava, foi-me tirada.
Deveras eu agora prosseguir buscando outra voz que me ama em suas novas condições?
Ou não é de melhor feitio que eu me torne uma voz a amar:
Pois que sejam estas ou aquelas as posições mais honradas, eu me abstenho de tê-las.
Já que o anjo da morte me visita, o sinto acariciar-me, esvaindo assim de mim o medo que houvera antes em minha alma.
Não posso ter em mim o egoísmo de amar ou deixar-me ser amada.
Pois, não tenho tempo e regalo de terra em meu coração que sirvam de recanto para outro ser.
Pousam agora em mim, olhos de quimeras que o espelho não suportou.
Porque já não sei eu viver d’outra maneira, há não ser esta, na melancolia enraizada
em mim.
Transpor a alma minha, ó dura delícia, lânguidas são as horas em que empenho-me a tal trabalho.