Liberdade de expressão
Liberdade de expressão
Quando o tema é liberdade é fácil deixar-se levar por arroubos e cair no palavrório. Não há discurso que não termine com uma alusão – mais ou menos sincera- sobre a liberdade. Na realidade, penso, que estamos fartos de palavras e desejamos fazer cessar essa tagarelice. O que está em jogo é muito importante para dela fazermos retórica. Afinal, as palavras são uma realidade muito séria para permitir-se ao luxo de jogar com elas. Uma das causas principais da nossa crise moral, religiosa, política e social está no fato do homem brincar com as palavras.
É indubitável que a liberdade de agir é condição para a liberdade completa; a verdadeira liberdade está na ausência de coação interna; está naquele poder de autodeterminação que, cada um experimenta e vive no segredo do seu eu.
Este é, na minha opinião, o dilema dos dilemas.
Acaso cada um pode decidir-se por si e só por si? Pode determinar-se como crê ser melhor, sem que nada o possa constranger e obrigar? Em suma: somos ou não somos livres?
Penso ser esta a questão que sempre apaixonou e que continua a apaixonar os pensadores e quem quer que tenha interesse em apreender o mistério do ser humano.
Nem todos crêem que o homem seja livre. Nada é mais fácil que elencar e fazer desfilar várias formas de determinismo correntes ao longo do nosso tempo. Por exemplo, o determinismo científico segundo o qual estamos refreados num circuito de força férrea, do qual é impossível desvencilhar-se, presos da nossa própria estrutura fisiológica (hereditariedade, temperamento, regime alimentar, clima) ou refreados pela lei da nossa psique comandada pelos instintos – particularmente pela sensualidade e pela agressividade- várias leis precisas, das quais basta conhecer o mecanismo para poder prevenir com precisão.
Quanto ao resto é seguir calmamente. Sem barulho nem pressa, à procura da paz, sem se deixar levar pelos truques do mundo e sem se comparar aos outros. Que o presente abrace o passado com alegria e o futuro com otimismo esperançoso.