Carta para Ti - XI
No olhar, a solidão escreve uma história de silêncios e saudades.
Desperto entre lembranças e sonhos, ignorando a tua ausência. Em mim, tudo celebra a tua existência, a dádiva de saber-te em todos os meus momentos, em todos os meus pensamentos...não há fronteiras para o olhar, quando o coração viaja através da paisagem do amor.
Aconchega-se em minha memória os dias vividos...o olhar detém o instante mágico do abraço, o carinho trocado no silêncio de todas as esperas...recapitulo os dias de fascínio indescritíveis, quando o meu corpo deixou-se acolher na alegria do teu, cúmplices de ternuras, prazeres e anseios, na certeza de ter o desejo mais intimo compreendido.
Em mim ainda permanece, a linguagem de tremores e arrepios que tuas mãos compuseram para o meu corpo... E bordaste nossas noites de estrelas, deixando-te cada vez mais em mim. Conduziste-me as paisagens que tanto sonhei, surpreendendo meus passos desavisados e o cansaço das minhas desesperanças. E fui tua, enquanto deitavas o perfume da lua em minhas mais sublimes emoções. E fui tua, quando teu olhar despiu-me em carícias. E foste porto seguro para o meu coração, até então naufrago em águas de desencantos.
Em todas as minhas lembranças, a confissão da ternura dos teus olhares, quando do amanhecer dos teus sonhos despertando ao lado dos meus.
Em minha saudade, a felicidade ainda sorri, envolta em afagos e consentimentos de plena entrega. Em meus lábios ainda arde uma saudade que me beija.
Deixaste em mim a fragrância deste amor, que me convida à eternidade.
Em meu olhar há esperanças que apenas sussurram o teu nome para a saudade, porque o teu caminho agora me reconhece como teu destino possível.
Fernanda Guimarães
Em 28.11.2006