"Não precisa ter sentido"
Que idiota eu sou, aqui no telefone, esperando que algum desses números atenda, é que hoje cedo abri o armário do banheiro e percebi que acabaram os ansiolíticos, que seja! Tudo o que eu tenho é uma nota de 20 e uma cartela de dexametasona, você acha que é o suficiente? Acho que perdi a noção do tempo, 02h15min da manhã, enquanto eu rabisco meu bloco de notas, acho que preciso me desgarrar de você, não vê que me é impossível? Alguma coisa me arrebatou nesse fim de semana, não sei ao exato o que foi. Ando sem ninguém pra conversar, sinto falta do seu cabelo descolorido, dos seus jeans desbotados, sabe aquele bilhete que você pôs no bolso da minha jaqueta? Não sei o que aconteceu com ele, o que tinha nele? Não sei se perdi, ou se foi triturado na máquina de lavar, você não vai me dizer, não é? Não espere que eu diga “te amo”, é tarde pra isso, aliás, não quero ser piegas, são palavras que eu não sei pronunciar, bem, você já sacou a minha esquizofrenia, sobre o resto, eu não sei. Júpiter, como preferir, tanto faz, você sabe, como vai com a morfina? O céu está desabando, a forca já está pronta, na varanda, tudo o que preciso é o seu empurrão (novamente), preciso que você me conduza, pra loucura, pra navalha, preciso de um inicio pra por um fim. Ei, Júpiter, você não vai aparecer? Não é? Afinal, foi você quem disse, “não precisa ter sentido”.