A despedida
“Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!”
(Augusto dos Anjos)
Eu ando bem, obrigado.
Nem isso você me pergunta. Morro, ou quase de saudades suas e você faz questão de sumir, desaparecer, com um prazer vil e sádico que me tortura.
Eu não te entendo; e você acha que me entende... É aí que está a falha.
Se querias me ver a míngua, triste e sofrido... Parabéns, conseguiste.
Ainda quero saber o porque de tudo isso, saber o porque me enches de falsas promessas, falsos risos e depois evapora; simplesmente se esvai.
Talvez seja eu, talvez seja você.
Mas o porque de tanta covardia, e um certo ar de masoquismo eu juro que ainda não sei.
Masoquismo sim, porque eu tenho certeza de que você irá se aventurar, e depois quebrar a cara de novo; como já aconteceu diversas vezes anteriormente. Mas, a escolha é sua, claro.
Ah você e a sua péssima mania de viver no inverno...
Você não me quer, sejamos francos.
Simplesmente não se importa com nada, não dá um sinal de preocupação para com a minha pessoa, enquanto que eu já começo a mostrar sinais de cansaço de tanto correr atrás de você.
Não minto quando digo que você foi uma das melhores coisas que já me aconteceram, e nem quando penso em você com uma certa faísca de esperança de te ter do meu lado. Porem é preciso ter um mínimo de amor próprio e de orgulho.
Chego à conclusão de que a mesma coisa que me deixa feliz, é a mesma coisa que me deixa na merda.
Eu juro que tentei, tentei inutilmente seguir, viver a vida que dizem ser bela, mas nada tem sentido. Você me era como uma diretriz, o pote de ouro no final do arco-íris –ou alguma coisa parecida com isso- mas de nada adianta.
Me sinto um cão correndo em círculos atrás do próprio rabo.
Já lhe disse coisas indizíveis, jurei coisas inacreditáveis e fiz promessas que tenho certeza de poder cumprir.
Mas, como diz a canção:
“O ‘Pra sempre’ sempre acaba”
Acho que já é a hora do meu “pra sempre” acabar.
Afinal, já tenho quase certeza de que para você acabou...
Talvez, se algum dia você disser coisas que eu nunca ouvi, coisas essas que só você sabe dizer.
Ou talvez me fizesse algo.
Uma simples ação pode virar o jogo, e essa ação será total e exclusivamente sua, não me meterei nisso.
Possa vir a mudar as coisas, mas, pelo “andar da carruagem”, acho que meus sonhos já outrora castrados, acabam por se tornarem mortos.
Me aperta o coração, minhas mãos tremem ao escrever isso, mas hoje eu partirei.
Vou sumir, tentarei não pensar em você, não discarei teu numero e nem lembrarei de teu sorriso.
Creio que isso é o mais ideal a se fazer, afinal, de nada adianta me prender a você enquanto nem ligas para mim.
“Então diz a verdade, ou me ama agora... Ou me deixa partir. Se não há mesmo nada, me deixa com essa angustia engasgada.”
Durante quatro anos da minha vida, eu me lembrei de você.
De todas aquelas coisas que você me disse sentada lá, naquele banco, daquela mesa em frente a Praia do Flamengo:
“Hoje não dá, mas amanhã... Quem sabe?”
Por um momento eu fiquei feliz, juro.
Mas com o passar do tempo eu acho melhor ter ouvido qualquer coisa a isso.
Antes o “não” logo de cara, do que a maldita incerteza do talvez.
Faça o seguinte, não precisa me ligar mais... Apague meu numero da sua agenda.
Não mande mensagens carinhosas,
E se puder ainda, nem fale comigo...
Eu sei que irá me doer, te perder seria como arrancar uma parte minha, mas devido às circunstancias, acho que seria o melhor a ser feito.
É melhor que me acostume à idéia de não te ter mais, até porque, creio que para ti, isso não é mais possível.
Apesar de ser a ultima coisa que lhe escrevo, termino aqui como todas as outras demais.
Beijos guria, te amo.
Cuide-se, passe bem e seja feliz.