O fim da infinita ausência.

Depois de descobrir a ausência, eu resolvi falar sobre ela. Usei as palavras mais bonitas que tinha em meu coração, e convenceram-me à entregar-te-as. Você, imediatamente me deu algumas lágrimas, em agradecimento. E alguns dias depois, eu recebi um texto.

Tu agradecia a minha presença, reconhecia a ausência e pedia para ela nunca tornar-se maior. Tu disseste que estaria ao meu lado sempre, bem como eu tentei estar ao seu. Mas esquecemos que “sempre” é sinônimo de ilusão.

Você me abandonou. Eu te abandonei. Em muitos anos, eu estava lá por você. Depois, acabei me perdendo na própria felicidade, o que causou a minha atual confusão. Me desculpe. Sei que em qualquer momento, durante anos, eu me vi obrigada a aceitar seus sentimentos. Algumas vezes, largava os meus, e me dedicava aos teus conflitos. Tu perdias a paciência fácil, e, quando eu ia me pronunciar, falar, tu só querias que eu te ouvisse. E foi isso que eu sempre fiz.

O tempo, como sempre, passou. Agora, somos pessoas diferentes. Tu, agora é o que sempre foi, mas o que nunca nos mostrou. Eu, só adquiri algumas doses a mais de drama, e de melancolia, como já era esperado. E em algum momento das férias, eu precisei de alguém pra aceitar meus sentimentos. Que aproveitasse dez minutos de um banho alheio, ou que fingisse dormir, que procurasse estar a sós comigo, ou que ao menos, em meio a palavras alheias, olhasse pra mim e dissesse: “espere; eu estarei aí pra você.” As pessoas vinham pra cima, reclamar de mim, e da minha incapacidade. Eu, me sentia cada vez mais pequena, e pela primeira vez em nossos cinco anos eu perdi a paciência. E não foi com você, mas tudo bem que contribuí pra essência de um clima estranho, que ainda não passou. Me sinto mal, por isso, apesar de achar que foi necessário. Eu não aguentava mais.

Pedi desculpas, como peço agora e sempre. Me sinto mal pela situação, mais ainda pela sua atitude de “deixar pra lá.” A nossa atitude. Não sei… Eu sempre me preocupei em dar o melhor de mim aos outros, e esperava que quando eu estivesse no meu pior, alguém estaria preocupado em dar o melhor de si pra mim. Esse alguém não foi você, naquele momento. E nem em outros, até agora.

Talvez tenha sido aí, o meu erro; de novo. Esperar que os outros tentem fazer por mim, o que tentei fazer por eles.

Daqui há alguns meses, quando tudo isso passar, certamente tu vais me ler e vai pensar: “Bah, que ridícula, fica mandando indireta pelo Recanto das Letras.” Mas é como eu me sinto. E essa sou eu, sem nenhuma intenção de te atingir, até mesmo porque ainda não me sinto bem para qualquer afeto. Sei lá, eu tô machucada.

E se você estiver também, te desculpo por não me dar a oportunidade de cuidar de você.

Bárbara Ornellas
Enviado por Bárbara Ornellas em 29/05/2011
Código do texto: T3001281