Amor ilusório

Sempre soube que o teu Amor era uma ilusão!!!

Mas nunca quis ver a verdade nua e crua que estava tão longe e tão perto de mim que a poderia ter tocado com o meu olhar de águia velha e cheirado com o faro de um rafeiro já decrépito. Contudo adiei essa verdade e deixei-me enveredar pelos caminhos da desventura que os teus olhos mágicos e enfeitiçadores me mostraram para me perder num labirinto de AMOR tão belo e tão avassalador que eu não queria, por nada, perder na reniniscência da minha vaidade. A vontade de ser tua por inteiro, mesmo sabendo que tudo cheirava a falso, desonesto e ilógico, deixei camuflar tudo o que eu não queria ver e atirei-me para esse AMOR com todas as minhas forças mentais, físicas e ilusórias...

Tudo em ti eu via como se fosse um conto de fadas. Eras o meu príncipe, o meu amado, o homem que caminhava comigo por entre as flores lindas que compunham o meu Jardim do Éden. Só não verifiquei, talvez com receio de te perder, que tu não eras o meu príncipe, mas um monstro de garras afiadas e que as enterravas cada vez com mais força na minha carne tenra e macia.

O tempo foi passando e as úlceras que se formavam no meu corpo, ganharam tal solidez que o sangue começou a formar um lago. Um lago de dor, de pavor e de receio...

Perdeste a compustura de outros tempos. Ganhaste ódio, rancor, raiva e tudo arremessavas para cima de mim como se eu fosse um depósito de lixo...

Todavia, eu continuava de olhos fechados e tolerava tudo. Mesmo que me chamassem à razão, eu não via nada senão a tua figura esbelta, magestosa e deslumbrante. Eras o sol que nascia todos os dias só para mim. Eras a flor que eu colocava na minha mesa de trabalho para ter o teu cheiro tão perto de mim que me embriagava os sentidos. Eras a lua que enchia de luz o meu quarto e me falava de ti com tanta veemência que eu adormecia embalada pela luz intensa que ela me trazia do teu olhar. Tu, tu eras o meu mundo!!!

Um dia, ao acordar, percebi que estava num lago de sangue e que estava prestes a desfalecer. Já sem forças para me erguer, resolvi dar uma olhada e ver o que estava errado na minha vida.

Já não tive forças e dei comigo sozinha, sem ti e sem o meu mundo.

A meu lado jazia o nosso AMOR que fora deitado fora, gozado, recalcado, emaranhado numa possa do sangue deixado pelas tuas garras de monstro velho e sabido.

Já nada restava. Eu qual flor que estava a desabrochar, deixara de ter vida e morria lentamente perante um chorrilho de mentiras, traições e mágoas.

Talvez perguntes se ainda vivo! Mas eu digo-te que o AMOR é algo que dói e não se vê, mas nunca deixa de existir quando é puro, verdadeiro e grande. Vivo, sim, mas na Esperança de um dia ainda te ter por inteiro como tu me tiveste a mim.

Aqui estou sempre no mesmo local, à mesma hora, à espera de te ver chegar e que me enlaces nos teus braços fortes para eu nunca mais de lá sair....

Lunatriste
Enviado por Lunatriste em 28/05/2011
Código do texto: T2998849
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