A MINHA VIDA É UMA DROGA DURA

Pai ... i ... i ... i, a minha situação é das piores. O pai ignora, mas esta é a realidade. A minha situação é uma infelicidade das maiores.

O pai já viu bem o meu problema, sem trabalho, sem profissão. Da minha Poesia ainda é muito cedo para poder contar com ela. Não posso por enquanto contar com a minha Arte. Há por ai críticos a dizer que não tenho Arte, mas eu tenho, se não, não era Poeta. Embora para eles possa não ser. Mas para a maioria sou. Viver nesta situação é ridícula. Um autodidata como eu sou que anda a comer o pão que o diabo amassou. Isto é que é viver ás custas, que não é ser independente. Que miséria que me encontro eu.

O pai nem se quer sonha com nada, nem sonha que se tivesse um trabalho adequado ás minhas capacidades, mas com responsabilidades grandes, com as minhas competências, ( estudos, idade, etc, digo do fundo do meu coração) que a minha maior alegria e felicidade era ter um emprego, que o emprego equilibrava a minha vida intelectual. E não só era independente, ninguém me atirava com palavras para cima de mim e ajudava-me a alimentar-me melhor, pagava as minhas despesas, e tentava arranjar uma companheira para mim.

Não posso ficar á espera que o pai morra, para herdar uma migalha, nem para esperar pela pensão de sobrevivência, tenho que olhar pela minha vida.

Uma pessoa dependente ,como um prisioneiro na Prisão. É um inferno. Eu não posso mais viver nesta situação.

Se tivesse uma profissão, um apartamento, ou um andar, ou uma casa só minha, a minha vida seria outra, eu podia viver a minha vida, mais descansado em paz, em sossego, sem a família interferir e prejudicar-me, podendo ser independente. Eu sou um homem, sou gente, sou adulto, tenho as mesmas necessidades de trabalhar, o pai por lei, não me pode sustentar. Não é obrigado a sustentar-me. Sou responsável pelos meus atos, de maior idade, também já são horas de pensar na vida. Bem sei que se quero ser Escritor profissional é também pensar na vida, mas isso não é suficiente.

Eu estou muito maduro, cresci muito, eu passo sacrifícios, dificuldades e eu não estou passando bem.

Se a minha situação não me resolve, eu suicido-me, porque continuar nesta vida, não meu pai.

É degradante e decadente.

Se fosse independente, não estava aqui, aturar ninguém, mas a viver a minha vida.

Compreendeu agora meu pai como a minha vida não é tão fácil nem bonita.

"Abre os olhos

e verás

Que em cada

Homem

um irmão"

Armindo Rodrigues

Abre os olhos meu pai e tente compreender a minha situação e ajudar a resolve-la se for inteligente.

Olhe eu lutei bem pela vida.

Quero ter um trabalho mas sendo senhor das minhas responsabilidades.

Quero trabalhar em Lisboa, sair desta terra que me enoja, que me despreza e quero viver para longe da família. Quero trabalhar fora desta terra. É uma terra que não evoluiu, progrediu, e eu quero viver onde esteja perto das Editoras, Associações, e Escritores e críticos literários, de todos os intelectuais. Quero trabalhar, isso é que o meu dilema e o mais importante.

Depender dos erros e dos outros é que tem que acabar.

LUIS COSTA

12/10/1980

TÓLU
Enviado por TÓLU em 25/05/2011
Reeditado em 05/03/2019
Código do texto: T2991675
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