A DOR DO PECADO
Filosofias, idéias, argumentos e novos pensamentos ainda não foram capazes de arrancar da minha alma o arrependimento do pecado. Nem mesmo a desconstrução dos dogmas eclesiásticos me deixou menos sensível ao meu erro.
Peco sem culpa, pois a culpa se instaura em mim quando o pecado já se efetivou. Então me sinto pesado, triste, sem vontade de olhar nos olhos, sem vontade de falar com Deus.
Eu, juiz de mim mesmo, me julgo, enquanto o Divino me aguarda para me absolver. Mas sou como o filho pródigo que ensaia as coisas para me acertar com grandeza, e o Pai nem me dá ouvidos, pois se alegra apenas pelo o fato de estar voltando aos braços.
Esse jogo da culpa e do erro, me faz sentir a insignificância de poder cometer pecados, mas de não ter autonomia nenhuma de perdoá-los. Sou dependente, sou necessitado de uma misericórdia que me é dada gratuitamente, mas que de forma alguma se pode contar seu valor. Oxalá, eu deixasse o erro e acertasse sempre, mas sou errante que às vezes acerto, e de tantas vezes me encontro inerte, sem erros, sem acertos, apenas vivendo.
Deixo meu coração em pedaços nas mãos do carpinteiro, que já esculpiu tantas peças, poderá em breve refazer esta obra chamada servo, que espera apenas o afago do perdão e o carinho da graça.