Adeus

As palavras entram de maneira suave em meus ouvidos

Por dentro, espetam como finas agulhas que incitam o choro

E causam a paralisia que só excede o coração

É hora

Nada de belo a ser dito

Nem esperança a ser citada

O tempo, esse sim é irremediável

Mas não se trata de tempo

São caminhos que tecem rumos distintos

O sentimento é atemporal

Mas a emoção é cotidiana

Nem notei o óbvio

Mas não me espanta que ocorra

Egoísmo negar um pedido tão sincero

Não confunda com educação

Vai com as folhas

Antes que chegue o inverno e o frio te tome por completo

Não se arrependa de nada

O bom da vida é mesmo usá-la como página de rascunho, usada

Espontaneidade há muito havia deixado de ser o meu forte...

Não mais

Agora me exponho tal criança sedenta por experiência

Me lanço ao desconhecido assustadoramente sedutor

E, ao mesmo tempo, ainda estou sozinha envolta no manto do cuidado

Com só um objetivo fixo capaz de cegar qualquer medo

Não importa o que quero dizer, não estou sendo generosa

Apenas preciso fazê-lo

Muitos apesares depois, até a realidade encanta

No mínimo, curioso

E não, mesmo que seja verdade, nunca uso Adeus

A nós.

mai 2007