O ORGULHO DA DIGNIDADE - CARTA PÓSTUMA

O ORGULHO DA DIGNIDADE

Papai como o senhor já sabe, estive em Arapari no dia 05 de setembro de 2009, numa confraternização na casa de Rosinha do Airton, falo assim, porque sei que nada foge ao seu conhecimento. Confesso que foi emocionante por demais, quando fui sobressaltado com o seu nome gravado em uma placa, dando nome à Rua Mariano Marques de Araújo, justamente afixada na sua velha casa, uma das poucas que ainda estão de pé, resistindo às intempéries e carcomida pelo tempo, mas forte como o senhor.

Naquele momento meus olhos viraram cachoeiras, não pude conter o rio de lágrimas, tive que me controlar bastante, para não cair em pranto e desespero no meio da rua, a emoção tomou conta de mim, meu coração bateu mais forte, o sangue correu com maior intensidade em minhas veias, minhas pernas por um instante fraquejaram e cambaleou, o orgulho da dignidade falou mais alto, por um momento o ar me faltou, fiquei ofegante, eu estava só, mas não me senti sozinho, a alegria invadiu a minha alma, que transcendeu barreiras e em outra dimensão nos encontramos e o meu coração transbordou de satisfação.

Em fração de segundos fiz uma retrospectiva da década de trinta e por imaginação revivi o apogeu da vila velha, os seus dias de glória, a sua luta, o seu trabalho, o seu suor, o seu encontro com a sua alma gêmea, o seu amor pela família, a sua diplomacia no trato com os fregueses, a sua inteligência rara, o seu vigor, a sua virilidade, o seu espírito fraterno e a sabedoria do Senhor o nosso Deus, estampada em sua auréola, privilégio dado apenas aqueles que são dignos do amor do Altíssimo.

Acredite! Por imaginação eu revi o seu comércio funcionando a todo vapor e a sua simplicidade encheu-me de orgulho mais uma vez e cativou-me mais ainda, porque sei que foi ali o começo de tudo, onde foram gravadas as primeiras páginas de sua vida junto com mamãe, o amor de sua vida nesta encarnação.

No plano em que o senhor se encontra o que eu retransmiti por escrito não é nenhuma novidade, torna-se até uma redundância, haja vista que a comunicação flui sem nenhuma barreira, enquanto que no plano material a comunicação sofre ainda certo atraso, por esta razão, eu resolvi materializar esta passagem, com a finalidade de registrar não apenas o encontro com uma placa, mas as lembranças de um homem, que deixou semeado entre nós uma gama de virtudes, uma série qualidades indiscutíveis e exemplos de: amor ao próximo, fraternidade, honestidade, lealdade, espírito de luta, cooperação, ajuda, homem simples, mas de um coração grandioso, de pouco estudo, mas de uma sabedoria inestimável.

Quero também na oportunidade revelar uma coisa: nada acontece por acaso, porque tudo está previamente estabelecido pelo Criador, não recebemos nenhuma homenagem sem merecer, veja, por exemplo, a nossa situação: são vidas e vidas, séculos e séculos de uma convivência sadia e salutar de aprimoramento e progresso na lapidação de nossas almas e de nosso crescimento espiritual.

Papai pessoas como o senhor, jamais morrerão na memória daqueles que vivenciaram a sua história, o seu passado de lutas, glórias e exemplos, porque nós somos o que fazemos e não o que pensamos que somos. Obviamente quem planta vento certamente colherá tempestade; quem semeia a discórdia cultivará os dissabores e as amarguras da vida; mas quem planta o amor indiscutivelmente colherá bons fluidos, terá vida eterna e gozará dos privilégios e das recompensas do Paraíso Celeste. Portanto o senhor estará sempre presente e vivo no coração daqueles que o amam tanto e o respeitarão por toda a eternidade.

ChicoMesquita
Enviado por ChicoMesquita em 05/05/2011
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