“Porque eu não poderia amar outra pessoa”
Frente ao silêncio que não raras vezes é tão doído
na perspectiva de algo do outro,
se não vem o querer que ansiamos,
pelo menos que expresse o não querer,
em palavras de preferência – porque o silêncio fala e como fala -
mas o coração é tão bobo que na espera de muitas últimas esperanças
acaba se agarrando em um E SE... ou TALVEZ UM DIA...
Por isso respondo-te, pra que teu coração
abandone as longas esperas e aproveite a direção de outros ventos.
Parta, nobre cavalheiro!
A meiga donzela o esperou – é verdade -
acompanhou tuas paixões novas, crescentes, cheias, minguantes
esperou e acreditou num sol radiante,
nas águas que não deixariam de saciar a sede da terra.
Mas tudo em vão, ou não? E o que importa!
A donzela deixou o castelo e partiu...
Contudo, levou consigo a fineza do sentimento e mesmo não sentindo mais,
sente o cavalheiro em sua carne e na poeira de seus pés.
Parta cavalheiro, o quanto antes!
Felizes não são os finais felizes e sim os começos...
Não existe só uma mocinha para o herói,
que Romeu largue mão de Julieta e se apaixone pela vizinha
e assim possa usufruir de mais gestos que palavras.
Vá, caro nobre – sem demora!
Esqueça tua Isolda e deixe de ser Tristão.
Respire, preste atenção no ar frio que entra e no ar quente que sai
que a dor logo passa...
Es parte de mim e eu sou parte de ti
porém não estamos e nem somos mais.
Que estas palavras sejam como:
remédio amargo devolvendo a saúde ao corpo
feiura da queimada que esconde o germinar da mais dura semente.
Abandone de vez esta roupa tão cheia de remendos e vista-se com traje novo!