“Porque eu não poderia amar outra pessoa”

Frente ao silêncio que não raras vezes é tão doído

na perspectiva de algo do outro,

se não vem o querer que ansiamos,

pelo menos que expresse o não querer,

em palavras de preferência – porque o silêncio fala e como fala -

mas o coração é tão bobo que na espera de muitas últimas esperanças

acaba se agarrando em um E SE... ou TALVEZ UM DIA...

Por isso respondo-te, pra que teu coração

abandone as longas esperas e aproveite a direção de outros ventos.

Parta, nobre cavalheiro!

A meiga donzela o esperou – é verdade -

acompanhou tuas paixões novas, crescentes, cheias, minguantes

esperou e acreditou num sol radiante,

nas águas que não deixariam de saciar a sede da terra.

Mas tudo em vão, ou não? E o que importa!

A donzela deixou o castelo e partiu...

Contudo, levou consigo a fineza do sentimento e mesmo não sentindo mais,

sente o cavalheiro em sua carne e na poeira de seus pés.

Parta cavalheiro, o quanto antes!

Felizes não são os finais felizes e sim os começos...

Não existe só uma mocinha para o herói,

que Romeu largue mão de Julieta e se apaixone pela vizinha

e assim possa usufruir de mais gestos que palavras.

Vá, caro nobre – sem demora!

Esqueça tua Isolda e deixe de ser Tristão.

Respire, preste atenção no ar frio que entra e no ar quente que sai

que a dor logo passa...

Es parte de mim e eu sou parte de ti

porém não estamos e nem somos mais.

Que estas palavras sejam como:

remédio amargo devolvendo a saúde ao corpo

feiura da queimada que esconde o germinar da mais dura semente.

Abandone de vez esta roupa tão cheia de remendos e vista-se com traje novo!

Lígia Martins
Enviado por Lígia Martins em 03/05/2011
Reeditado em 09/05/2011
Código do texto: T2946657
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