Ao Jornalista Luiz Araújo

Castanhal, PA, 27 de agosto de 2009.

Caro Jornalista Luiz Araújo,

Espero que esta o encontre com saúde e em paz.

Tenho que confessar que sua carta foi uma grande surpresa. Em primeiro lugar porque não imaginava que “Chutando o Balde” tivesse chegado tão longe e, mais ainda, que contivesse uma mensagem tão significativa para tantas pessoas... Sim, eu escrevi aquele livrinho como uma tentativa de superação de desafios – o que de fato aconteceu. Em segundo lugar, sua carta foi surpresa porque foi o primeiro a escrever de modo tão direto, parecendo uma conversa de alguém que me conhece de longa data. Gosto disso, da simplicidade e da sinceridade. Também não gosto de “rodeios”, gosto de ser direto e franco. E gostei de seu jeito de perguntar sobre as razões de não ter feito referência direta a Deus no livro. Bom, a verdade é que fui mesmo muito religioso – até fui membro de uma Congregação religiosa por mais de dez anos. Entretanto, os estudos de Filosofia, Psicologia, História e das próprias religiões me fizeram descobrir grandes incoerências, as quais minaram a base de minhas crenças em Deus... Depois, aliado às dúvidas advindas com os estudos, minha fé sofreu grande abalo também pelos maus exemplos que presenciei no seio da Igreja... Estive em Roma, no Vaticano, e voltei mais convencido de que (lá) interesses econômicos e políticos são mais importantes do que os “Princípios” vividos e defendidos por Cristo. Ao menos é o que muitos padres e religiosos deixam transparecer. Por estas e outras, me afastei da Igreja e dos religiosos. Não sou ateu, mas também não acho conveniente usar o nome de Deus a toda hora.

Apesar disso, não faço propaganda contra e nem me oponho às pessoas que são devotas e religiosas. Respeito a todos, mas me reservo o direito de ser assim “a-religioso”. Minha religião hoje é tentar viver da melhor forma possível, sem atrapalhar a vida de quem quer que seja. Meu lema é tentar viver com justiça e ajudar os que convivem comigo a entender que viver bem é fazer o bem... de forma gratuita.

Bom, mas isso não vem ao caso aqui. Quero mesmo é agradecer suas palavras de elogio e incentivo.

Quanto à Neide, fui lá (na Academia) e entreguei a ela a carta e o endereço.

Sim, o senhor disse que publicou 4 livros, gostaria de saber como se chamam, sobre o quê e aonde é possível encontrá-los... Sou apaixonado por livros e a arte de expressão do pensamento pela escrita...

No mais, espero que esta carta seja motivo de alegria e conforto, como foi a sua para mim.

Abraço

Antonio José S. Souza