Um encontro.

Sinta-se à vontade, sente-se na minha frente. Durante a conversa percebo sua discreta dúvida. Ora você olha nos meus olhos, ora olha para minha boca. Estamos bebendo café agora, temos muitos assuntos para falar um para o outro, mas nenhum dos dois pretende conversar sobre nostalgia. Sabemos que é uma perca de tempo. Começamos a falar sobre coisas atuais, você começa com o tempo, eu continuo e falo dos familiares. Chegamos na vida amorosa, você fingi que não estar doendo quando eu falo (minto) que a minha anda muito bem. Também finjo que não está doendo por saber que era para estar muito bem, mas com você. Sem perceber mordo o lábio.

Morro de vontade de acender um cigarro, para me acalmar, como um retoque da maquiagem do palhaço. Mas não, você não gosta. Tento mudar de assunto, mas não dá. Você de repente sorri e eu lembro do seu beijo. Penso que deveria existir o nada entre a gente, essa mesa poderia deixar de existir, nem a sua cadeira. Era para ser você em cima de mim, agora.

Pare de pensar nisso seu maldito! Espero que ela não perceba esses meus olhares, talvez eu esteja disfarçando bem. Finjo blasé. Não aguento, preciso ir embora. Para não falar que lhe quero. Que ainda lhe quero como sempre quis. Que nós podemos mudar agora, tudo que não deu certo lá atrás. Se acalme, por favor. Tome tento! As coisas de traz são de traz. As boas, as ruins e os problemas que nos atrapalhavam. Inclusive nós dois, também somos de traz.

Relaxo, fito aqueles olhos verdes e a faço rir. Aquele sorriso e aqueles olhos, faz lembrar-me de uma cor, de uma sensação boa. É meio esverdeada e amarela. Inefável, mas é uma sensação boa que me vem.

Como estar deitado, debaixo de uma árvore. Um pouco da luz que restou batendo nos meus olhos entreabertos. Sei que preciso ir.

Porque eu entendo porque você foi embora. Entendo porque você me deixou. Agora eu ando perdido por ai, sem você. Me pego lembrando, mas será que você não estava perdida quando estava comigo? Perdidos ou não, tenho a certeza de que temos apenas coisas boas para serem lembradas. E que você se encontre. E que você não me mande notícias. Porque eu amei, chorei, e o rio de que bebi e pus minhas lágrimas secou.

Acendo o cigarro e digo que preciso ir. Ir pra não voltar.

Ak
Enviado por Ak em 26/04/2011
Reeditado em 17/09/2013
Código do texto: T2931115
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