Testamento de Amor

Um fio de sangue escorre por minhas entranhas. Mal posso acreditar, o relógio de meu pulso já marca um novo dia, mas não te verei de novo. Até que a morte nos separe, pois ela está vindo. O coração já não bate tão forte, apesar de estar pensando em você... Luto para aumentar os segundos de vida que me restam, na esperança de terminar esta carta.

Ó, dor insuportável esta que inunda meu ser e penetra nas entranhas de minh'alma enquanto experimento uma espécie de sonambulismo, um estado intermediário entre letargia e despertar. A pergunta que ainda me intriga é como poderei partir sabendo que deixei para trás aquela que tanto desejei, a mais bela dentre as mais belas, a musa de meus poemas, inspiração de meus devaneios e de meus mais doces sonhos, aquela que, por tantas vezes possuiu meus pensamentos, dos mais divinos aos mais profanos, aquela que sempre foi o objetivo final (não cumprido) de minha vida, o meu amor gravado nas estrelas, nos búzios, nas palavras preferidas pelos profetas e videntes, nas cartas de tarô ou em qualquer outro futuro real ou imaginário (pois não deveria haver futuro sem ti!). Não posso continuar a descrever o encanto que tu despertou em meu coração, visto que meu tempo está se acabando, e ainda que eu dispusesse de todo o tempo do mundo não seria suficiente.

A única coisa que gostaria de fazer agora enquanto a dor não me faz adormecer para todo o sempre é lembrar-te, pois, daquelas coisas que eu mesmo nunca deixarei que se esqueça. Por exemplo, que eu estou pensando em você nesse exato momento, assim como pensei em todos os outros da minha vida. Porque você foi muito mais do que alguém especial para mim, você foi todo o meu mundo, toda a minha vida, tudo o que eu tinha.

Ai, nem o paraíso em todo o seu explendor, será capaz de apagar a dor em ter que de deixar, esta dor profunda, mil vezes maior que a dor do corpo, que me consome nos último minutos de minha vida.

Se eu pudesse viver de novo, se eu tivesse outra chace, se eu pudesse voltar... Tantos beijos que eu não dei, as palavras de amor guardadas no fundo de minh'alma enquanto deviam ser suas, ai, as juras e promessas de amor que deveriam ser suas... Ai, que dor é essa que me consome a alma e me aperta a garganta, clamo pela morte, que venha rápido, pois é melhor do que viver esta agonia da partida! Que venha o silêncio eterno, o sono dos justos!

(Silêncio...)

Gabriel Valeriolete
Enviado por Gabriel Valeriolete em 19/04/2011
Reeditado em 19/04/2011
Código do texto: T2917764
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