Cartinha Petulante
Deixe-me ver se eu entendi direito: o sangue no seu corpo congelou e essas partes mais bronzeadas dele é o que chamam de "lividez cadavérica", é isso mesmo? Se não for, oras!, faça-me o favor!
Leio e releio essas palavras desesperadas que fizeram sua letra tão firme e conhecida da minha pessoa tremerem... Eu já sabia dos motivos da tremedeira e eu conheço bem o medo que a cerceia e suscita.
"Por favor pare de me olhar. Eu sou casada!!!"
Qual é a necessidade desses dois traços abaixo do "casada"? Por que deixar isso superlativo como se eu não enxergasse essa aliança horrenda?
Não pense, por favor, que eu sou um espírito-de-porco ao ponto de ignorar o seu casamento, mas o que eu posso fazer se você é uma gostosa?
Não uso o adjetivo de uma forma pejorativa, banal, vulgar e etc., mas não me ocorre outra palavra que não esta pra definir a manancial de saliva que vira o céu da minha boca quando vejo sua blusa entreaberta revelando seus dois sarapintados pequenos trunfos carnais lado a lado, clamando pelos meus sequiosos lábios; enquanto meus olhos seguem pela cordilheira de seus braços malhados, se enveredam nas curvas de seus quadris e repousam por longos minutos no meio das suas pernas cruzadas antes de encontrarem com os seus: brilhantes, aparvalhados, capciosos; um pequenino fulgor libidinoso nas pupilas delatando a quantidade de sexo de que você é capaz de fazer numa noite de louca volúpia.
Portanto, esse pedaço de papel rasgado e rabiscado às pressas só pode me parecer uma brincadeira de mau gosto pois, segundo ele, você age como se estivesse morta pra carne quando, pelo contrário, é uma forte fonte de vitalidade.
Pouco nos importamos com o status do casamento, conquanto possamos usufruir das delícias que a transgressão insuflada de paixão proporciona; um verdadeiro e eficaz e passageiro paliativo enquanto a sucessão de dias cumprindo com as cenas do esquete que foram pré-determinadas em documentos não passam de um placebo insosso.
Agora vai de você tomar a decisão de ir em frente ou não...
Compreendi tal bilhete como a extensão da sua mão tateando em busca de ajuda; segurei-a, e, com essas palavras que você lê, estendo-lhe minha outra mão.
Segure-a, se estiver pronta para arcar com as conseqüências do que desejou viver.
Afaste-a, se quiser conviver com a pungente e torturante dádiva da dúvida.
A escolha é sua, Doutora!
18/04/2011 - 22h44m
She Wants Revenge - She Loves Me, She Loves Me Not