O PALADAR DA PALAVRA

Helena, querida colega de Letras! Estou muito agradado e feliz por haveres aceito o convite para que viesses a te revelar como pessoa (e seus atributos), nesse Recanto, consequência da ruminação dos escritos publicados. Tenho acompanhado, com inusitado apreço, os comentários sobre os textos aqui postados. Tua coloquialidade, possivelmente fruto da verve nordestina – loquaz e inteligente – me encanta. O que tenho visto e bebido, não são meros 'comentários' e, sim, o que eu desejava: uma glosa bem-humorada de alguns textos meus... Estes, por vezes, penso muito antes de os publicar, porque fico me perguntando se cumprirão o objetivo de lograr um mínimo de universalidade e que venham a ser úteis em confraternidade – solidarismo espiritual – num país que pouco lê, e, portanto, minimamente questiona fundo e forma. Teus aportes críticos, traduzindo juízos de valor, eventual e subjacentemente expendidos, reforçam a convicção de que é possível instigar o receptor à reflexão e que ele possa vir a urdir um texto com maior liberdade para autor e alter ego. Também, no caso, para o receptor e para o autor do texto. É uma via de duas mãos: a estrada do mistério pontilhada pela condenação do estar vivo, com a dilaceração dos neurônios, principalmente no terreno lírico-amoroso... Peço licença pra fruir alguns comentários a maior, antes de me manifestar em análises mais extensas sobre a tua obra. Uma coisa é certa, por ora: inclino-me a perceber que tu és, esteticamente, mais PROSADORA do que construtora de VERSOS COM POESIA aos moldes da contemporaneidade de tema e forma. O teu poema contém a oralidade da vertente de tua bela origem maranhense, que faz concessões por demais à rima, em detrimento do conteúdo, se bem que avanças em variegada temática. Tua intelecção se sobrepõe, à larga, à inspiração assentada na emocionalidade, porém, a oralidade cursiva produz um texto de paladar muito aprazível, em vários poemas. Por ora, é o que te posso confidenciar, abrindo o coração e a amizade.

– Do livro TIDOS & HAVIDOS, 2011.

http://recantodasletras.com.br/cartas/2913006