(inspirada por frases d'ELE, é a última carta) 
            
       ° 'carta para um dia de SAUDADE' °

                                                          Arco-Íris, 14.04.2011 (04:14 am)

Maurício, meu querido amigo,

Esta é a última carta que lhe escrevo. Agora só nos falaremos por telefone, fica mais fácil medir palavras e assim você NÃO terá de buscar curativos para minhas machucaduras. NÃO é justo contigo.

NÃO menti! Estou indo. Acordo, escovo os dentes, tomo café, trabalho, como, bebo, pinto as unhas, durmo e até penso em procurar uma paixão novinha, sentimentos novinhos. Estou indo, sim, sem ele. NÃO que seja fácil, já que depositei muitos desejos nisto tudo. NÃO que seja o que quero: IR SEM ELE. NÃO que eu esteja bem, curada, concordata, a ponto de buscar mesmo outra pessoa. NÃO que eu ainda NÃO esteja apaixonada com todos os meus desejos. NÃO. Estou aqui ainda, esperando sei lá o que sabe-se lá quando.

Como num passe de mágica ele está partindo. Talvez voejar com outras pessoas, seguindo o conselho que sempre ofereci. Talvez tenha entendido o quão bom é levantar-se com uma pirueta mostrando a alegria de estar vivo, tentar... Só sei que novamente o possível foi transformado em impossível, “fez nascer uma estrela e NÃO percebeu e nem quis que eu o avisasse”. NÃO compreendo porque afastar-se, distância maltrata e, pior de tudo, acostuma. Estou me acostumando com as lágrimas, com a ausência de presença. Será que distarciar-se para ele é um alívio? Qual o motivo disto tudo?

A paixão de um acabou e ao outro – eu - sobrou uma saudade que NÃO sei como curar. NÃO sei e NÃO saber dói. NÃO sei o que fazer pra desanuviar os pensamentos, NÃO sei como secar as lágrimas, NÃO sei como enfrentar o silêncio, a madrugada. E este sumiço covarde da parte dele já era previsto desde o começo. É a “lei da repetição”. Sem perceber ele muda os planos, a coragem desaparece e “por um tempo reina o lado covarde dentro dele. Repetir-se-á em outros relacionamentos. Porque o covarde custa a morrer e, sem nenhum pedido ou vontade, ainda terá a feia mania de renascer”.

Quem sabe eu esteja sendo injusta, Maurício. Ausentar-se pode também ser sábio, afinal o presente, passado e futuro são etéreos entre nós e graças a saudade estaremos sempre ligados. Mas foda-se tempo! Sempre disse que eu o queria, nunca pensei em conseqüências. Sei que a menina bailarina aqui tem de crescer também. Sossegue, tenho usado os cabelos soltos, brincado ao vento, saltado, tentando manter minha grama mais verdinha que a do vizinho e tudo isso com dor.

Ontem à noite cheguei, dormi, sonhei, sonhei, sonhei, sonhei, doída (e doida também - risos)... Acordada, pensei: tenho de me livrar destas velhas lembranças guardadas no coração. E NÃO, ele NÃO está em todas elas, mas decorou com doces sorrisos várias páginas do livro da minha vida. Então, tranqüilize-se, vesti minhas sapatilhas e hoje sai cheia de coragem. Afinal tenho de continuar. Eu sempre continuo.


            
 ...uma vontade enorme de te dar um bEiJo sem dizer nada...

la u ra
Enviado por la u ra em 14/04/2011
Reeditado em 16/04/2011
Código do texto: T2908943
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