Carta a uma amiga.
Amiga, desculpe pela demora, estive cuidando um pouco da vida, o trabalho tem me tomado inteiramente, mas venho hoje resonder sua pergunta.
Você sabe, ainda bem que na nossa contemporaneidade, nesse pós modernismo, tudo está desfixos das semióticas e desconexos de interpretações únicas.Todos somos livres para achar o que queremos do que queremos e achar bom ou ruim de alguém. Diga-me, se eu não escrevesse sobre algo sem por minhas palavras de forma visceral, perderia lucidez dos encantos, a veracidade, seria insincera? ou não?
Ah, sei que não reconhecemos a alma humana, por um pedaço de papel com alguns pensamentos, por milhões de pinceladas numa tela impressionista, nem códigos binários invisíveis aos olhos. Disso eu sei, querida minha.
Pensei muito em sua pergunta, amiga, mas acho que os pensamentos que me acompanham são esses, pois despois de uma trágica história, depois de uma truculenta paixão incompreendida, depois de marcadas feridadas irrevogáveis da alma, claro, seria ilógico se eu me afogasse em esperanças e infundáveis certezas, vivedo uma utopia, achando que tudo está lindo. Existem coisas que não são contos de fadas, nisso sou otimista. Não existe mais isso pra mim, cara amiga. Digo por mim. Espero que em você tenha mais concreto nas peredes dos sonhos, sejam sólidas, sejam plenas para contar aos outros que deu certo, que a esperança não lhe abandonou, o mundo precisa disso, e eu sou apenas uma com um fim de plano.
Amiga, em mim já são fracos os tecidos da alma, aflita de dúvidas, tenho pairado descalça em chão de cacos.
A descrença me tomou voraz depois daquele caso que lhe contei.
Obrigada pelas palavras, você reconhece que não sou apegada as coisas de Deus como você, mas preciso dessa força que me teima não encontrar. Sua fé também me cobre, continue orando por mim.
Camille