Caro Cavalheiro
Seu orgulho é maior do que seu amor, e ele me afasta de você.
Não me afasta por orgulho igual, mas pela tristeza. Não há perfeição em mim, bem sei, e por ter como certeza esse fato, por saber que sou imperfeita, tenho um pouco mais de facilidade em desculpar, e as vezes ainda magoada, volto atrás e peço desculpas, tento me redimir. Também tenho orgulho, mas ele é menor que meu amor. Ele se fere como qualquer outro, mas meu coração o cura mais rápido.
Quando o orgulho torna-se maior que o amor, e mostrar que se está certo é mais importante do que manter a pessoa amada perto, talvez não resista o amor, talvez ele não vala a pena, talvez não mereça que se lute por ele.
O amor menor que o orgulho pode até ser um grande amor, mas é frágil, é um amor inseguro...
O coração chora de tristeza e dor por ter se entregado por um amor frágil. É uma tristeza que sangra, que sufoca, que dói. Mas toda tristeza deve passar, mas o tempo que vai demorar e o estado em que o coração vai ficar, não dá pra saber.
As vezes esse coração torna-se duro, se defende e cria em torno de si uma armadura.
Sou a mais imperfeita das criaturas, mas até a mais imperfeita das criaturas se magoa. Gosto de desculpar e ver o melhor das pessoas pois sei que preciso que façam o mesmo, mas todo coração cansa. Para evitar o punhal, cria essas armaduras que as vezes evitam que entrem algumas tristezas, mas também não deixam que saia o amor. Trancado no peito, o amor sufoca, porque todo amor é maior do que a gente, ele não cabe só no coração. Todo amor foi feito para ser distribuído, demonstrado, vivido.
Quem dera fosse possível trancar o amor, proteger o coração contra ele. Mas o amor transborda, e se não puder fazê-lo, sufoca e morre. Vira mera lembrança.
Rogo aos céus, que meu amor não se torne mera lembrança, e que meu coração não se endureça diante de seu orgulho.
Pois ainda basta um riso seu, para que meu mundo desmonte e o chão suma de meus pés.