Carta à ela

Tivemos um amor desigual. Sorrias, enquanto eu ria. Eras contente quando eu era feliz. Estavas satisfeita quando eu queria mais. Abraçavas-me enquanto eu beijava-te. Gostavas muito de mim de um jeito carinhoso e gentil enquanto eu simples e escandalosamente te amava.

Nosso amor foi cheio de mentiras, mentias estar feliz e eu mentia estar satisfeito. Mentias que vivas para mim enquanto eu mentia que tudo bem que fosses embora cedo. Mentíamos que éramos namorados. Mentíamos para nós mesmo, para o outro, para todos ao nosso redor. Menti ao dizer a conhecidos que ficamos juntos cinco meses – só tu sabes a verdade e nem tu verás essa carta. Mentias que não tinhas vergonha de mim enquanto se encolhias quando te beijava em publico. Mentias que gostava de meus beijos, depois de virar o rosto.

Chegasses a me amar? Em algum momento? Chegasses a realmente gostar de mim? No começo, quiçá, quando tudo era novo e emocionante? Ou mentisse a todos os momentos? Todos os beijos? Todas as juras de amor? Todos os abraços eram uma mentira? Aqueles borrões em tuas cartas eram de lágrimas? Algum dia, chorasses por mim? Ou também isso foi mentira? Quão difícil teria sido mentir isso também? Olhe quanta pratica já tinhas.

O mais triste, ida paixão, princesa esbelta das mentiras e rainha do castelo de vidro dos meus amores idos, é que chorei de saudades por ti naqueles três meses perdidos enquanto dizias de por cartas e letras que nos veríamos de novo. Chorei de saudade e agonia, mas não derramei uma única lágrima quando me deixasses.