Batalha-PI, 02 de junho / 91
Batalha-Piauí, 02 de junho/91
Prezado professor Arimathéa.
Estamos em Terra Natal do Geraldo. A chuva cai. Das folhas caem, na terra, suas gotas e a música é bela. O chão molhado exala seu característico cheiro. O verde ganha proporções e mostra para os céus seu valor também. Logicamente que a Natureza mostra seu poder. Existe, porém, a outra realidade: o povo sofrido. Mandam para outras terras o que poderia ficar aqui. Jovens sem perspectivas de empregos, sonhos, ilusões e realidades. Idosos cansados, sem conforto. Continua, pois, Batalha a andar devagarinho, necessitada de atenções urgentes. Sempre a buscamos, na qualidade de amigos e evidentemente que lhe extraímos e lhe damos o melhor.
Após buscas benéficas e nossas atenções em troca, entregamos nossos corpos e todos seus componentes às redes esticadas em seus dignos espaços, no modesto e aconchegante alpendre, em gozo também, das companhias da Dona Maria Rosa e do José Messias. A primeira, exemplo de fortaleza através dos anos, embora já sofra desgastes dos mesmos. O segundo, criança que merece melhor infância, mas que tem a incumbência de zelar pela avó viúva. Pessoas outras de nossa estima. O sono nos vence e o sol nos acorda. É gostoso demais esperar adormecer olhando estrelas e despertar pelos raios solares. É indescritível!
Justamente antes do sono buscamos, também, as festividades religiosas. Foi um bonito encerramento do mês de maio. O padre, pouco tempo em Batalha, demonstra muita disponibilidade e carisma. Incumbiu vários grupos, com imagens de Nossa Senhora, de irem aos bairros, no intuito de conscientizar o povo do exemplo de Maria. Todos os grupos e respectivas imagens esperaram, na praça da Matriz, a chamada do simpático, esforçado padre – que procuraremos, da próxima vez, conhecer melhor, inclusive seu nome – para se aproximarem da Igreja a fim de realizarem, simbolicamente, a coroação de Nossa Senhora, finalizando com a Santa Missa. O povo mostrou seu espírito de religiosidade. Muitas pessoas compareceram.
A estrada que nos possibilitou a ida, ou melhor dizendo, nossa chegada à cidade de Batalha, mostra-se com ligeiras depressões, em consertos, o que nos entristeceu profundamente. Lançamos nossos pensamentos positivos para que não a deixem ao abandono.
Ao chegarmos em Barras lembramos de alguns dos seus filhos: Arimathéa Tito, senhor seu pai; João Fernandes do Rêgo (Peba), meu sogro; o senhor, professor Arimathéa; motorista Gregório etc.
Breve retornaremos e iremos à presença do Maestro Fabiano.
Chegamos em Teresina em três de junho.
Atenciosamente,
Francisca Miriam.
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Do livro “Correspondências de A. Tito Filho para Francisca Miriam”, Edição da autora, Teresina, Gráfica e Editora Júnior Ltda.,1995, páginas 89 e 90.
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