poderei respirar por ele?
Eu jamais o tocarei... sei disso; mesmo assim, eu me permito viajar naqueles lábios, e como quase toda a vez que o vejo, não consigo impedir o meu corpo de desejar. Ali, tão perto, tenho medo até de respirar; preciso entender que nem toda a chance pode ser desperdiçada, então busco nas idiotices, que viram rotina, uns minutos para conversar. Assuntos que por vezes nem eu sei de onde tirei, mas consegui mantê-lo próximo a mim; ora, mesmo na minha ignorância, não o terei, mesmo assim gosto de cobiçá-lo, pretendê-lo, e tirando os verbos já indefinidos, de certa forma, adorá-lo.
Gosto de estar perto dele, sem interesse de perversidade. Nele há algo que me atrai muito, de repente a simplicidade, o "não apelar" para o óbvio; posso apenas olhar, e isso me satisfaz, de certa forma. Embora eu tenha desejo por aquele homem, e sei que não passarei disso, existe aqui dentro desta mente insana um certo juízo, compreendo o meu lugar e imponho para a minha vida uma barreira, um aviso de "proibido", que me impede de ser clara; por enquanto, observar...
Mas isso não é um amor platônico, é apenas... desejo. Algo nele me eleva, me modifica, e isso persiste, mesmo eu remando contra; ele me domina, e eu deixo, simplesmente permito. Somente neste mundo, o meu, em particular. Por oras, penso... um café, um livro, quem sabe eu digo algo que não pareça tão imbecil. Desisto, e volto a pensar. Se eu pudesse respirar por ele, seria tão ofegante, caloroso, indefeso... suspirar, eu bem sei, tocar bem de leve, sem um ato, um fim.
Querer ele pra mim, posso?
Acho que não... mas gosto!!!
(a ti, lindo e frágil como um cisne, correndo como uma lebre...)