Carta pra cumade Milla
Cumade Mila
Óia cumade Mila, estô iscreveno essas mau traçada linha para li falá arguma coisa insanbistanciavi a respeito das nossa transversá sumidação e ao mermo tempo sabê das suas nutiça aí da capitá.
Nun sisquecemo da sióra não é qui as coisa pur aqui ta muitio braba no seuviço, o traviá ta mermo nas transbordação boa, as lembrança ta viva e a sôdade consequentemente, essa nóis nem se fala. Mais aqui istô eu pra dizê dos ocorrido das nossa sumidação feudá. A sióra é u’a pessoa muito quirida pur nóis, tresontonte mermo eu tava falano cum o cumpade Catulo qui nóis num podemo nunca sisquecê das pessoa boa, apezá de que o Pedrin siscafedeu e nun sei do prumóde ele nunca mais apareceu, min axo eu qui é ciume, logo despois qui eu cumecei a xamá a Mirah de amôdemailaifi o Pedrin cumeçô os seus sumiço, nun sei se é as xuva lá pras banda dele qui cabô as estrada e o jeguin nun deu conta de levá ele inté a Lan rausi. Falano um pôco de mim, eu tô aqui atarefado de seuviço, onti eu muntei na égua da minha muié e campiei inté ditardizinha, fui lá na roça oiá os mamão de Terezinha e oiá os tumate de Zezin e vi qui a minha mandioca já tava boa pra cumê e fazê farinha, é eu só qui tô labutano ca vida, pego no cabo da sem graça qui as minha mão ta toda calejada, inté comprei u’a inxada nova, eu vô incabaibá a nova e desprezá a véia pois tô notano qui a véia ta um pôco inferrujada, gastada e desamolada.
Quarqué dia qui a sióra querê paricê aqui pra tumá um cafezin e cuiêcê a minha patroa a sióra pode vim, coxão de capim é o qui tem aqui pras vizita, eu mermo gosto é de drumí no couro de boi qui é bom pras culuna.
Cuma ta as coisa aí ni Sun Pálo? Vi dizê qui ta xuveno pur aí é verdade cumade? Minina de Deus, tresnontonte eu sonhei cum Sonia Ortega lá no Japão qui fiquei priucupado, tonse eu quiria sabê ô da sióra ô da cumade Hul se tem nutiça dela e cumo elatá, eu fui na casa de seu Agapito e oiei na tulevizão dele as terra pru lá toda tremeno inda pur riba ta trazeno as onda qui incubriu todas as casa, foi aí qui logo pensei na Sonia.
Cumade Mila, a sióra diz na sua carta dos prumóde de que nóis se ajuntáro, min tenho o devê di dizê pra sióra qui nun ôvi niuma ajuntação não, nóis vivemo longe um do ôtro, eu aqui na Baia coitado, um matuto surrado pelas labutança da vida, viveno longe de tudo e de todos, o Catulo ta lá ni Sun Pálo e o Pedrin no Isprito Santo mais esse úrtimo já faiz um bom tempo qui sumiu,derna a truvuada qui deu nas nuve preta do céu no mêis de oitubo do ano passado qui eu nun vejo ele, é mais tomém quem sumiu foi a minêra de Juiz de Fóra e a Pérola do Tapemirim, dessas a sióra nun fala! A cumade Hull, essa ta perduada pru cauza de que ta coidano da sua mãe dela, tonse eu fico aqui murmurano e pensano cum meus pensamento, cuma o sexteto vai subrevivê cum uns sumiço disinfreado transparentemente diunfórico desses? Mais café qui tenho in Deus min axo quEle vai da um jeitio dos cumponente sextensioramente se ajuntá travêiz lá no bar do referencioso bondótico Rudrigo.
Bem cumade, fico daqui cum sôdade e pur ôji é só, queira aceitá um grande abraço da minha véia, do Zezin, da Terezinha e deu, vigi qui quase já tinha minsquicido de dizê: Os pau de quatí e as catuaba cum as raiz de junça e os mindubin cum as receita daquele macumbêro qui a sióra pidiu nun deu pra ir pruquê o corrêi tava fexado. Inté ôtro dia. Cumade, nun dispreza nóis não.
Abraço do cumpade Airam Ribeiro