Curando nossas feridas – carta aberta ao leitor
Em pouco mais de um ano que escrevo aqui, percebi o quão importante é este nosso trabalho de formiguinha: escrever sem ganhar nada além do reconhecimento de quem nos lê.
Neste ano e pouco recebi contato de tanta gente que por aqui não tem coragem de se expressar mas acaba me procurando no MSN e Orkut e só ontem tomei a dimensão certa disso tudo, mais a frente explico isso. Tornei-me de muitos, companheira, psicóloga, terapeuta, aconselhadora e principalmente, amiga virtual. Estou orgulhosa de mim por isso, por essa capacidade de ouvir, captar, e responder (nem sempre com o que a pessoa espera ouvir). Há pouco tempo descobri que Simone, vem do hebraico e significa aquela que sabe ouvir, nada mais apropriado que isso.
Também neste ano e pouco percebi que cada conselho dado, cada palavra de ajuda que pude dar, reverteu-se. Recebi em forma de aprendizado, de confiança, de afeto... Eu recebi muito mais do que dei para cada pessoa. Este processo de troca só foi possível porque eu mesma nunca me poupei das minhas próprias dores. Rasguei minha carne em versos que sangraram as dores minhas e de outras pessoas e assim, com as feridas abertas, a cura se achegou de mim mesma e de outras tantas. Eu não cantei só as minhas, eu gritei, chorei, me emocionei, amei, por todos. Senti a intensidade de cada palavra como uma faca que pouco a pouco entra e alcança a alma. Bendita intensidade!
Bem voltando ao segundo parágrafo que disse que abordaria a frente: ontem eu estava com febre e dor de garganta, entrei na internet para enviar algumas fotos de um show da noite anterior e esperava correr pra cama e meus analgésicos e, do nada lá estava ela, com sua linda alma e com um problema que muitas pessoas não suportariam carregar e ela, com toda sua simplicidade, disse-me ter lido meus textos e se identificado com algo que vinha de dentro, além do escrito. Eu a ouvi por meia hora e senti sua dor e ao mesmo seu orgulho em ter forças para seguir em frente, quando a maioria das pessoas desistiria. Eu apenas ouvi, eu não fiz nada, não posso fazer nada para reverter uma situação consumada e que agora fica nas mãos do grande cara lá de cima.
Após encerrada nossa conversa, fui pra cama e a insônia de novo me pegou e fiquei pensando na situação desta nova amiga. Não dormi... Hoje as 7h antes de sair, resolvi ler meus e-mails e quão grata foi a surpresa de ler:
“Quero te agradecer por ter me emprestado um pouco de seu tempo, para saber um pingo de minha história...”
E daí ela se estendeu em algumas linhas a mais e, eu chorei. Chorei por mim, por ela, por minha impotência, chorei por ter orgulho de mim e dela, por aprender tanto e por receber inúmeras graças como esta. A amizade é um dom divino e a confiança que recebi é equiparada ao amor verdadeiro, daqueles sem interesse, sem limites, sem preconceitos. Algumas feridas foram instantaneamente curadas ontem.
A você minha amiga, você não jogou um problema em minha vida, você acrescentou amor e sabor ao meu dia. Não posso resolver seu problema, não posso curar suas feridas, mas posso ouvir, posso aconselhar e posso retribuir este carinho por mim, por minhas palavras e principalmente a confiança que teve nesta sua mais nova amiga virtual.
Hoje, graças a você, estou vazia... vazia e repleta de vida. A você e a tantos outros, o meu imenso amor e carinho por tudo de bom que agregam a minha vida de escritora amadora. E se precisa estarei aqui, sempre as ordens para bater um papo, para aconselhar, puxar a orelha, rir e chorar... Afinal, o que é a vida, senão isso?!
Aos meus amados leitores, obrigada pelo privilégio imenso de conhecê-los e tê-los aqui sempre por perto.
Aos que precisarem, estou no twitter @sissimarck e no msn do perfil.