ABISMO CAMUFLADO - VINNICIUS CLADU
Sou carne viva do que aconteceu
Sugaram-me pro abismo como um sonho ruim
Eram os lobos com as fantasias de cordeiro
Cego e perdido eu nem percebi
Um boneco de pano eles fizeram de mim
Eu vou sobreviver à tempestade
E a essa angústia que enforca meu ser
Decapitaram meu sonho de vez
O juramento era secreto
Entre eu e vocês
Eu vos perdoarei mestres do abismo
Farei de conta que nada aconteceu
Mergulharei no grande mar do cinismo
Tapete Persa é um pecado de vocês
Podem se vestir de azul
Camuflarem-se aos céus
Mas, nunca fugirão das suas próprias consciências
Estive à disposição e vocês abusaram
Agora estou ciente de que me usaram
Sobreviverei aos monstros do abismo
Eles não fugirão de suas penitências
Resgatarei do infinito o que eles roubaram
E permanecerão aflitos os que me enganaram
Estive ocupado, com a mente à deriva
Confuso, de inércia incessante
Lutei contra mim e os que me iludiam
Mas, sobrevivi aos monstros do abismo
No contrário do fim eu me sinto agora
Não é volta por cima, é a força da aurora
Muito tempo perdido, como um cão eu sofri
Só agora percebo que voltei a sorrir.
Por um vale de lágrimas nadei sem ver fim
Senti medo daquilo que armaram pra mim
Resgatado tão fraco por um anjo do bem
Eu me lembro do rosto que me deixava tão bem
Me abraçou com firmeza e se pôs a voar
Me levando consigo para um belo lugar
Me livrou do abismo e me deu atenção
Quem será esse anjo que me estendeu a mão?
Feira de Santana – BA. 17/03/2011, às 03:33.