Sinceridade

29 de Janeiro de 2011

Criança,

Sentimos muito em ter de lhe enviar esta carta, mas o que pensamos já está enraizado em nós e a única maneira de poder nos livrar disso é lhe dirigindo a verdade absoluta. Sabemos que você passou por momentos difíceis em sua vida, e também sei que foi complicado superar todos eles, mas estes fatos não fazem de você exclusivo. Você não foi o único que sofreu as conseqüências dos atos de outrem e de seus próprios. Saiba que aqui, e no resto do mundo, existem pessoas ainda passam pelas mesmas situações e sofrem conseqüências ainda piores que a sua. Deveria ser difícil para eu dizer que – por mais que os anos lhe pesem sobre as costas – você é sim uma criança, mas não é difícil dizer. É fácil e necessário.

Porque deveríamos nos preocupar com você agora? Quando passamos pelas dificuldades mundanas, antes e depois de pessoas como nós, você foi o único que não desejou estender-nos a mão. Esperamos pelo seu apoio depois de tudo o que vivemos, mas ele não veio. As pessoas mais improváveis vieram nos socorrer, e com elas cultivamos amizade verdadeira. E onde estava você? Fugindo dentro daquele vôo rumo à desilusão tão esperada. Nós e muitos outros passamos pelo inferno e sobrevivemos. Agora que o sujeito preso à tempestade é você, estamos aqui nos deparando com a simples pergunta: o que fazer? Seus atos infantis destruíram as vidas de muitas pessoas queridas por nós e muitas ainda sofrem. Então repetimos: por que deveríamos nos preocupar com você agora? A covardia desta vez pertence a quem? A nós? Espero que não. Jogar com as mesmas pedras que você está fora de cogitação aqui.

É por essas e outras que nos reunimos em nossa casa neste final de semana para respondermos àquela pergunta anterior: o que fazer? É bom que você saiba que a resposta foi unânime e não demorou nada para ser encontrada. Não queremos ser conhecidos como covardes da mesma forma que você um dia foi. A decisão de se afastar foi sua, e nós em nada contribuímos. Pedimos inúmeras vezes para que ficasse, pois nós ajudaríamos no que fosse para apaziguar sua dor, e com a amizade a mataríamos, mas... Você não ouviu. Deu as costas ao mundo e fugiu, mais uma vez.

Sentimos muito por todas as situações que você passou e ainda passará. Estamos aqui para dizer também que, apesar de tudo, ainda te amamos. Amamos como irmãos que devem entender e perdoar. Amamos como amigos, como parceiros de vida. Dessa forma, e diferente do que você fez, decidimos estender-lhe a mão. Sabemos o quanto é difícil passar por tudo o que você está passando, porque um dia todos nós já nos aventuramos por estas águas. Agora cabe a você aceitar nossa ajuda. Ainda estamos aqui no mesmo endereço, te esperando. Estamos aqui por você.

Sinceramente,

Juca e amigos.

Jeff Pavanin
Enviado por Jeff Pavanin em 04/03/2011
Código do texto: T2828766