... o infeliz fluxo da vida ...
Por fim, segue o infeliz fluxo da vida: a hora da despedida.
Com toda certeza seria mais fácil se as pessoas simplesmente fossem. Nos dessem as costas, fechassem as portas e pisassem no acelerador para se perder de vista! Se bem que algumas pessoas fazem isso, mas são tão insignificantes que nem a poeira da estrada ou a fumaça do carburador nos faz sentir falta ou incômodo. Mas isso é somente para algumas pessoas! Outras nos dão as costas e isso se torna um insulto; fecham a porta, mas parece que a bateram com tanta força que os quadros da parede caíram; e partem em seus carros acorrentados em nossas janelas e quando pisam no acelerador com mais força, até as paredes são arrancadas.
E enquanto olhamos, chorando, o carro se juntar ao horizonte, percebemos que algo nos incomoda. Algo que sentimos a todo momento, mas com intensidades diferentes. Descobrimos, então, que não somos tão insensíveis como achávamos que fossemos, que a partida doeria mesmo, que a incerteza da volta sufoca e que sentimos saudades.
Mas o que vem a ser de fato “sentir saudades”? Vejamos: Sentir = 1. Perceber por um dos sentidos; ter como sensação. 2. Perceber o que se passa em si; ter como sentimento. / Saudade = 1. Lembrança grata de pessoa ausente ou de alguma coisa de que alguém se vê privado. Logo, sentir é algo que qualquer um pode fazer e a saudade não é um sentimento sobrenatural. Nós temos gratas lembranças para serem recordadas e todo o sentimento ainda lateja aqui dentro... Sinto Saudades.
O problema é que nessa brincadeira de despedida mais sofre quem fica. É aquela pessoa que tem que continuar dentro, com os quadros no chão, o barulho ensurdecedor da porta batida e a parede jogada no chão. É aquele que permanecerá incompleto no tempo enquanto estiver que permanecer no mesmo lugar, estático, esperando o comentário ser feito, sem se dar conta de que o comentário não mais se repetirá. Não da mesma forma e nem pela mesma boca, com a mesma voz ou jeito.
Dizem que a saudade aproxima. Mais será?! Será que a ausência e os novos amigos não farão com que as coisas se percam? Será que a distância não trará novos gostos e com isso afastar ainda mais? Será que não descobriremos algo maior do que isso que vivemos hoje? – Eu não acho! – Acredito que a saudade seja o ‘manto Sagrado’ que sempre nos cobrirá e não deixará nada do que criamos vagar pela cidade sozinho, ficando exposto a qualquer um. A Saudade nos unirá e fortalecerá. A Saudade tornará o abraço mais caloroso e o sorriso mais largo, os encontros mais longos e as lembranças mais emocionantes.
Mas voltando no tempo (e deixando de falar do futuro (que já é quase presente)), vamos falar das coisas boas que passamos juntos, que vivemos e que espero vive-las em breve.
Temos amigos para festas, trabalhos, confissões, sexo casual, maldades, etc. E temos alguns, poucos amigos, que suprem todas essas necessidades. Você não faz parte desse grupo! (Não fazemos sexo casual) Mas mesmo assim é uma amiga completa!
Foi muito bom ter te conhecido, convivido e poder ter sido teu amigo. Sentirei saudade, sentirei sua falta. As noites no SAC não serão mais as mesmas!
Enquanto pensava no que mais escrever, percebi que nunca te disse o que achava de você... E também nunca me questionei sobre a importância que você tem na minha vida.
Então vamos lá...
1) O que penso de você?
R: Não vou dizer! Você me deve uma resposta (se lembra?)
2) Qual a importância que você tem na minha vida?
R: Não sei... Não cheguei a nenhuma conclusão! Mas senti vontade de chorar quando voltava para casa (na sexta). Deve ser porque é muito importante...
Engraçado o rumo que as coisas levam na vida. As surpresas. Os caminhos. As escolhas.
Ouvi dizer que mesmo antes de vermos a estrela ela já existia e no tempo em que ainda a vemos, ela já se foi. Antes de sermos amigos você era amiga de outras pessoas e agora temos esse laço eterno que nos une. Espero ver a sua luz de onde eu estiver, e poder sempre contar com ela. (Sem apontar para não dar verruga!) Mas quero poder senti-la mesmo quando estiver coberta por nuvens, estiver longe, estiver dormindo, não estiver brilhando. Quero a cada reencontro sentir viva a nossa amizade. Quero poder ver a luz mesmo de dia, nos momentos de chuva, bêbado na Lapa, ou até mesmo na Dark Room...
Te acho uma pessoa incrível! Ousaria dizer uma das mais incríveis que conheço. Mentiria se dissesse que não estou com vontade de chorar (enquanto escrevo) e que não ficarei (quando for oficial) e ainda que não vou chorar (quando chegar em casa). Sentirei saudade da sua risada e da maneira como fala. Sentirei saudade de te levar no ponto (mesmo que tenham sido muitas vezes... Mas me sentia importante). Sentirei saudades de ser o centro das atenções enquanto você passa vergonha no estacionamento.
Mas, enfim, chega de brincar de falar por que agora é sério. Alguém precisa deixar a casa e você se colocou no paredão. Por seus motivos. Que eu entendo, concordo, aceito, admiro! Voltando a questão do ‘infeliz fluxo da vida’, hoje é um dia especial, mesmo na circunstância em que nos encontramos. A vida é como um pacote de figurinhas. Não sabemos o que tem dentro, mas ficaremos felizes com o que tiver lá... E agora precisamos ser fortes para dar o 1º abraço, dar as costas, bater a porta e arrancar com o carro. Não quero ser o 1º. Não aguentaria ser o 1º! Vou ficar firme até o final para não precisar me despedir. Quero ficar do lado de dentro chorando, catando os quadros que caíram no chão e construindo, tijolo por tijolo, a parede que foi quebrada. Quero ficar e sentir o gosto doloroso e doce da saudade. Quero ficar e lembrar a todos que passarão por aqui, que um dia você passou. Quero ficar e chorar até a última gota de tristeza. Quero ficar e poder dizer que: “Eu também não quero chorar. Estou feliz por você. Eu te conheci. E isso não é motivo para chorar!” Certo?!
Pois bem... Neste paredão com cara de final, você deixa o jogo. Os momentos estão filmados (ou não). Você deixará saudades. Mas o público decidiu e com 90% de aprovação você deixa este subsolo maldito e passará a viver em nossos corações para sempre. É isso Thais, vai viver a sua vida, seja feliz e lembre-se sempre de quem você é (e de quem nós fomos).
***** Carta escrita à uma grande amiga, Thais Oliver.