° 'em .S.éu límpido bailam sonhos' °
                             
                                                         by Marie Desbons




                                                                                                           Arco-íris, 01.03.2011

Maurício

Há certas coisas que devem ser divididas com silêncio e pela distância.

Das asas que ganhei outrora só guardo lembranças porque fui atingida do lado esquerdo por algo inominável e carrego o ferimento. O que me resta, por hora, são os gravetos e as formigas encontrados pelo chão, e a umidade junto das folhas secas disponíveis neste novo espaço.

PERDI. Perdi o meu jeito ave e do ninho me afastei. E desde então, caminho aqui por baixo, asa grudada junto ao corpo, olhos rentes na estrada e cabeça sem suspensões futuristicas.

Maurício, querido... Sem minha asa esquerda é tão dificil sonhar alto!

Minh´alma corre feito louca aqui, imagina-se ainda com asas dançando céu afora, junto dele, porém os pés vão devagar, não acompanham os desejos, acostumam-se a nova rota. Continuarei assim, aqui, resPIRANDO, piando baixinho, b a i x i n h o . . .

Talvez, antes d´eu me curar, ele me ouça vento afora e volte me ajudar.

Porém enquanto este tempo não chega, sigo pelo caminho em que, só, caminho, esperando que os sonhos sonhados lá em cima, a céu aberto, não se percam de mim. Porque a gente vive mesmo é de sonhar, Maurício, e pra isto é preciso estar curado...

E neste meu céu, que certamente é seu também, há o sonho de plainarmos curados pra junto de nossos grandes sonhos.
  
                
la u ra
Enviado por la u ra em 01/03/2011
Reeditado em 01/03/2011
Código do texto: T2822462
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