Carta ao meu Pai longe da minha terra...

Meu querido pai, O tempo já longe Vai

Eu nunca te esqueci / Você está sempre em mim

A sua história não acabou / Pois, nós estamos aqui.

Pai, Tú compreendeste o que é o amor

Eu queria te ver, mas não consigo.

Sei que te sinto: na minha vida, nas minhas viagens, nos meus trabalhos, no profeta e na sua mensagem, nos meus estudos e na Mãe que nos cria.

Ás vezes a saudade me aperta e não apareces nem pra bater a porta.

Escuto longe a tua voz, mas vives entre nós.

Teu Deus é o meu, é o Senhor da terra e do céu. Louvado seja o seu nome.

Queria tanto que sorrisses comigo, para saboreares as alegrias que os dias nos dão.

É com muita pena. O tempo passa, o tempo voa.

A mãe está quase velha, por causa da guerra, do sofrimento.

Se você estivesse não teria acontecido. A Túcia está grande a vida dela é na praça, senão ninguém come. Sabia que ela tem a tua altura? Ela é mais alta do que você. Ela faz tudo para nós vivermos.

O Mário também luta pela vida, fazendo os negócios dele. Eu sei que você o protege. Já tinha sido atacado como você. Eu sei que você nos protege.

Pai, quem te conheceu quando me vê, é a ti que vê. Quando estou em férias, queria tanto te visitar, como faço com a Mãe. Não achas que é bom? Mas, afinal quem te matou? Diz-me lá pra saíres do nosso convívio? Eu sei que te manifestas em nossa vida: na Mãe, na Túcia quando tinham sido raptadas, no Mário quando tinha fugido para a Mata para fugir da guerra. Não foi a morte que te matou. Mas a guerra criada pelo homem e pela mulher. Sabias que o Soma anda cá em Benguela? Ele nunca te esqueceu.

Kaendangongo
Enviado por Kaendangongo em 01/03/2011
Reeditado em 09/07/2011
Código do texto: T2822228
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