Carta ao meu Pai longe da minha terra...
Meu querido pai, O tempo já longe Vai
Eu nunca te esqueci / Você está sempre em mim
A sua história não acabou / Pois, nós estamos aqui.
Pai, Tú compreendeste o que é o amor
Eu queria te ver, mas não consigo.
Sei que te sinto: na minha vida, nas minhas viagens, nos meus trabalhos, no profeta e na sua mensagem, nos meus estudos e na Mãe que nos cria.
Ás vezes a saudade me aperta e não apareces nem pra bater a porta.
Escuto longe a tua voz, mas vives entre nós.
Teu Deus é o meu, é o Senhor da terra e do céu. Louvado seja o seu nome.
Queria tanto que sorrisses comigo, para saboreares as alegrias que os dias nos dão.
É com muita pena. O tempo passa, o tempo voa.
A mãe está quase velha, por causa da guerra, do sofrimento.
Se você estivesse não teria acontecido. A Túcia está grande a vida dela é na praça, senão ninguém come. Sabia que ela tem a tua altura? Ela é mais alta do que você. Ela faz tudo para nós vivermos.
O Mário também luta pela vida, fazendo os negócios dele. Eu sei que você o protege. Já tinha sido atacado como você. Eu sei que você nos protege.
Pai, quem te conheceu quando me vê, é a ti que vê. Quando estou em férias, queria tanto te visitar, como faço com a Mãe. Não achas que é bom? Mas, afinal quem te matou? Diz-me lá pra saíres do nosso convívio? Eu sei que te manifestas em nossa vida: na Mãe, na Túcia quando tinham sido raptadas, no Mário quando tinha fugido para a Mata para fugir da guerra. Não foi a morte que te matou. Mas a guerra criada pelo homem e pela mulher. Sabias que o Soma anda cá em Benguela? Ele nunca te esqueceu.