Indomável

Creia, quando leres estas linhas estarei distante, certamente terei sido levada pelas minhas tempestades, essas minhas minhas ventanias são tão fortes que me apartam de tudo que eu quero ter por perto.

Digo-te isso para que não vejais ingratidão no meu partir, mas para que saibais que na previsão de um fim, prefiro levar a ternura destes teus olhos celestes a tê-los tristemente guardados em carmim.

Eu que já alforriei tantos amores, sem jamais deixar bilhetes ou desculpas pedir, confesso que meus rios ainda convergem aos teus mares tropicais, me impelem a permanecer, rodeada de seus braços e de teus silêncios, imersos em prazeres descobertos neste meu corpo que reluta em estar acorrentado..Eu sou navio sem âncoras, vivo a debater-me por rochas e encostas, se permaneço naufrago no mar destes teus sonhos.

Ora, vês! Não é por falta de querer-te e sorver-te de tão imensa forma, que o despeço. Quero eternizar o amor que lhe tenho, pois convenhamos não sobreviveria ele aos meus arroubos femininos, certamente se transformaria ao meu bel prazer e logo não seria mais quem és, um condor que enfeita o céu em indomável liberdade.

Por agora, guarda-me em teu peito sem mágoa, sem queixumes e eu já morta de ciumes deixo-lhe esse adeus.


Cristhina Rangel. ( série cartas)
Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 28/02/2011
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