Para o Doutor

Doutor,

Fiquei sabendo que existe essa coisa de carta né. Eu sou da roça, aqui em Minas, e não entendo porque não aprendi a escrever até hoje. Não tive oportunidade de aprender a ler. Quem escreve minhas palavras é o filho Fábio; ele é estudado e ajuda a gente a se virar aqui na terrinha. Sabe, que eu preciso te falar, doutor, que sua filha, esposa de meu filho Cássio resolveu arrumar encrenca pra gente. Ela não come há dias e cismou de ficar nervosa com tudo. Sabe que que é Doutor? Ela tá sofrendo de amor! O Cássio tá doente de amor por Gracinha e eu não sei mais o que fazer. Sei que o senhor não conversa com sua filha há muito tempo mas já te mando esta carta porque me preocupo com a mocinha. Ela é moça boa, mas Gracinha é um veneno perigoso que se apegou ao meu filho, e já não tenho mais recursos aqui. Doutor, venha à minha humilde casa que sua filha é quem pede. Precisamos da sua companhia aqui em Minas! Já agradeço se o senhor chegar a ler. Maria Aparecida. (Continua...)

Isadora S Bruzzi
Enviado por Isadora S Bruzzi em 26/02/2011
Código do texto: T2816812