Assim aconteceu.

Talvez, um dia ao saber a verdade, você possa me perdoar.

Quando a sua mãe estava grávida de você, ela trabalhava lá em casa e sabendo que eu gostava de ler, veio me pedir ajuda:

-Estou com uma dúvida danada. Será que dá pra você me ajudar?

“Está bem, diga lá!”

-Fiz promessa pra São Tomé: se eu tivesse um filho homem, colocaria o nome de Tomé, como sobrenome. O primeiro nome eu quero escolher. Como a minha filha se chama Tábata, quero um nome de menino que comece com T; sabe? pra combinar.

“E onde está o problema? Tem tantos nomes bonitos de menino com T...”

Mas, todos que eu dizia ela respondia que não queria, não gostava, não podia... Um era nome do sobrinho, outro do filho da vizinha chata, outro do amigo do marido...

Foi quando tive a infeliz idéia de procurar na lista telefônica.

Achei um nome estrambótico que, se junto com Tomé, me soou ainda mais estranho; no entanto aos ouvidos da sua mãe foi amor à primeira audição!

Até inventei uma conversa comprida, tentando fazê-la esquecer, falei da responsabilidade de dar nome a uma criança, que quando não se tem inspiração é melhor que seja um nome neutro, que o nome do seu pai é tão bonito, etc., etc...

Mas, infelizmente não consegui convencê-la.

Ela estava decidida; e eu cheia de culpa.

No meio da tarde, ela tornou a perguntar:

- Como é mesmo aquele nome que eu gostei?

E tanto ela me azucrinou que respondi meio atravessado:

“Tesão, é o nome; pronto!”

-Ah, deixa de brincadeira!

“Eu não sei; esqueci.”

Mas ela insistiu:

-Dá pra você olhar outra vez na lista telefônica, e anotar pra mim num papelzinho? Estou louca pra chegar em casa e dizer ao Samuel, o belo nome que achei para o nome do nosso filho!

E como eu me negasse a recordar, ela se foi dizendo que daria um jeito de lembrar.

Mas não lembrou; o que me deixou bem aliviada.

Mas, a vida tem os seus caprichos.

No dia do parto, levada às pressas ao hospital, ela ainda não tinha nome pra você, até que um porteiro bonitão e muito solícito veio ajudá-la, colocando-a na cadeira de rodas.

A coisa aconteceu quando ela olhou o crachá do porteiro pra lhe agradecer. E tomada de emoção, a coitada até esqueceu a dor que sentia ao ler no crachá o nome que eu havia visto na lista telefônica!

Ninguém entendeu o seu sorriso misturado a lágrimas, como se tivesse se reencontrado com o seu grande amor.

Juro que eu tentei fazer a sua mãe esquecer, mas parece que o Santo também gostou do seu nome, meu caro, Tel.(apelido)

*História verídica. O garoto tem agora dez anos; nunca mais tive notícias dele. Espero que conviva bem com o seu nome.

Anita D Cambuim
Enviado por Anita D Cambuim em 24/02/2011
Reeditado em 24/02/2011
Código do texto: T2812154
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