Aos amantes

Não escrevo mais para os que estão na guerra e para os que ainda procuram entender os motivos para se ter paz. Escrevo para os amantes. Para os desesperados por carinho e amor.

A verdadeira guerra é a que travamos com nós mesmos. Sabemos que devemos ser independentes e ainda assim queremos carinho e atenção. Sabemos que devemos fazer a nossa própria comida depois de um tempo e ainda assim vamos à casa da mãe pedir alimento. Alimento de mãe não há igual, mesmo. Sabemos que devemos trabalhar para conseguir nossas coisinhas e sustentar uma família, mas ainda assim preferimos a preguiça. Saber é de fato totalmente diferente de conseguir fazer.

Os amantes devem ser os que mais sofrem nessa calada da vida. São intensamentes carentes e romanticos. Parece que o romance está fora de moda atualmente, então, ou você passa a ser mais livre e frio, ou terminará escrevendo contos para alimentar a ilusão de que tem um amor e que pode escrever cartas a ele.

Ser amante é pau. Ser amante nos dias de hoje não é lá tarefa fácil. Não estou falando sobre os amantes que relacionam-se com pessoas comprometidas. Mas sim sobre os que estão com a mesma durante vinte anos e ainda estão apaixonados como se estivessem ao lado de seu amor há 1 ano, apenas. Falo dos amantes que se preocupam em abrir a porta do carro para a mulher, puxam a cadeira para que elas sentem. Falo das mulheres que deixam bilhetes bobos para os seus namorados. Dos homens que entregam uma rosa para a parceira sem que tenham feito algo errado ou que seja em uma data especial.

Escrevo para os amantes porque sinto falta de ternura. Sinto falta de presenciar carinho sincero, gentilezas e demonstrações de amor. Digo que sinto falta como se já tivesse vivido muito, mas de tanto imaginar, de tanto pensar, acho que já vivi por todos que receberam um pouco.

Escrevo para os amantes que caminham na chuva em busca de silêncio e limpeza da alma. Escrevo para aqueles que sentem-se seguros quando abraçados.