Devolva-me. L.C.C.
Eu quero de volta os móveis da sala, o imaginário, a casa inteira. A espera no portão, os risos contidos, o sorriso nos olhos.
Amor! Me traz de volta os sonhos, a companhia em dias nublados, em noites chuvosas, seja junto a primavera ou então do verão ao inverno. Me traz de volta os pequenos e os grandes sorrisos, traz as fotos. As conclusões precipitadas, as brigas, o ciúme. Traga-me o sentido, o conflito esquecido, as saídas, os convites. Me dê novamente um sentido para abraçar o mundo, para não escrever cartas em letras de forma, uma razão para esquecer que só penso em esquecer-te.
Me devolva meus apelos, meus pedidos fracassados de retorno, minhas implorações perdidas pela madrugada, me devolva.
Entrega-me as cartas, o quadro, as fotos estacionadas na gaveta escondida. A esperança que perdi na madrugada de terça ao telefone.
Me devolva e explique-me seu medo de retornar, porque não mais compreendo, amor. Não compreendo amar e não estar. Do seu choro, olhos, do medo. E nunca houve mais ninguém. Entre nós nunca houve, eu sempre te amei ainda que estivesse perdida.
Eu quero de volta minha metade real, e um par de olhos para ver. Quero de volta.